mistério que nunca finda
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Creia, é melhor não saber.
A verdade quase sempre é desagradável,
chocante, devastadora.
Saber o que falam às suas costas.
Saber o que fazem às suas costas.
Descobrir o lado obscuro da criatura amada.
As coisas feitas, omitidas.
Traições, mau-caratismo.
Perceber que viveu uma grande mentira.
Que foi usado, feito de otário.
Melhor deixar quieto.
Não ir muito à fundo.
"A verdade vos libertará" pode ser bonito
em tese,
mas na prática equivale a abrir
a Caixa de Pandora.
Para a qual nunca estamos preparados.
domingo, 24 de maio de 2020
A ideia de já não fazer parte de nada.
De já não ter nem querer nada que inspire e acalente.
De viver por viver, meramente gastar o tempo.
O impulso de querer mas nada poder fazer
ante o que não pode ser mudado,
tal qual jogo jogado.
Eis com o que é preciso lidar.
Aceitar, adaptar-se às mudanças irremediáveis.
Adequar-se ao processo natural das coisas.
É disso que se trata.
A vida no altar das potestades dementes.
A realidade de cada um sofreada à humana condição.
Deixar de existir para refazer-se na palavra consoladora,
Deixar de existir para refazer-se na palavra consoladora,
sobre as ondas altas do órfico delírio.
Apenas e tão somente isso.
Apenas.
Isso.
Apenas e tão somente isso.
Apenas.
Isso.
sabor a mi
Tanto tempo desfrutamos deste amor
Nossas almas se aproximaram tanto
Que eu guardo o teu sabor
Assim como tu guardas o meu
também.
Podes até excluir minha presença
na tua vida
Mas sei que bastaria encontrar-te
algum dia
Abraçar-te e conversar
e de novo sentiríamos
o sabor de cada um.
Afinal, eu te dei tanta vida
que, quer queiras ou não,
de alguma forma me levarás
contigo para sempre.
Olha, eu sei que para ti
já não sou nada,
como um pobre
que nada mais tem à dar.
Mas pode passar mil anos,
muito mais,
pode nem haver amor na eternidade,
mas ainda assim
de mim lembrarás,
O meu sabor levarás.
* tradução livre do antológico bolero Sabor a Mi, de Alvaro Carrillo.
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