domingo, 26 de julho de 2020
CORTINA DE FUMAÇA
Ah, a vastidão humana !
Arcabouço de princípios, desventuras, elegias,
cacos do espelho estilhaçado da vida.
Mortalhas e guirlandas de nosso eterno desvario.
Nas múltiplas realidades da existência sem nexo,
o prazer e o horror entrelaçados,
o saber que ignora a alma fendida,
o atro mistério de ser isso que invariavelmente somos :
um monte de estrume.
Nas máscaras que caem.
Na revelação da podridão que escamoteamos.
Pensamentos tenebrosos
que mantemos em segredo, mas desfloram a alma,
defloram o espírito.
Primazia de loucos e degenerados,
condenados pelo mundo hipócrita,
posto que só o que nos diferencia
é a cortina de fumaça
que impede que nos vejam
como realmente somos.
O quanto temos coragem de ser,
é o que realmente somos.
Que ninguém se peje, porém,
que é em torno do erro e do pecado
que o íntimo e pavoroso mundo
gira,
tão logo a inocência acaba.
é o que realmente somos.
Que ninguém se peje, porém,
que é em torno do erro e do pecado
que o íntimo e pavoroso mundo
gira,
tão logo a inocência acaba.
sexta-feira, 24 de julho de 2020
o martelo de Nietzsche
Obediência e crendices,
eis o que aprendemos desde cedo.
Educados para obedecer e crer.
A forja que, ao mesmo tempo,
nos marca e aprisiona, como pássaros na gaiola.
Somos o que o mundo quer que sejamos.
O que permite que sejamos.
Não mais que vassalos,
serviçais, zumbis,
massa de manobra, inocentes úteis...
Ora, nada mais cômodo que
alguém que pense por nós.
Nada mais prático que seguir o rebanho.
Obedecer, acreditar, como nos ensinaram.
Dane-se a dor que tudo isso desencadeia.
Duvidar, contestar, para quê ?
massa de manobra, inocentes úteis...
Ora, nada mais cômodo que
alguém que pense por nós.
Nada mais prático que seguir o rebanho.
Obedecer, acreditar, como nos ensinaram.
Dane-se a dor que tudo isso desencadeia.
Duvidar, contestar, para quê ?
O que se ganha duvidando, contestando,
além de desencanto, desavenças, desafetos ?
Razão ? Reconhecimento ? Uma pinoia !
Antes fosse. Dúvidas e contestações nunca soam bem.
Mesmo quando procedentes.
Duvidar semeia discórdia. Contestar, antagonismo.
Mais sensato é deixar pra lá. O tempo sempre se encarrega
de mostrar a verdade.
Viver em paz não tem preço.
Conciliar vale mais que hostilizar.
Se tiver que fazer alguma coisa, faça na surdina,
por debaixo dos panos.
A verdade pouco importa. Mais importante
é manter as aparências.
Posto que a verdade tem mil caras.
É à serventia da casa.
Felizes os que creem e erram,
mas encontram na própria inconsciência
o consolo da felicidade fugidia.
Algo que nunca consegui. Algo que sempre rejeitei.
O martelo de Nietzsche só me trouxe problemas.
quarta-feira, 22 de julho de 2020
gratidão
Essa solidão no fim da vida,
é justa, merecida.
Justa, porque assim não sou
um fardo para ninguém.
Merecida, ora, porque colho
o que plantei.
Não foi o que planejei,
não era o que queria,
mas há momentos em que as coisas
fogem do controle.
Por culpa nossa ou obra
do destino,
de repente tudo desanda,
ou simplesmente caducam.
Faz parte, há que aceitar, buscar algum bálsamo
na penosa lassidão de quem sabe
que o fim está próximo.
Que cada dia sem dor e sofrimento
é uma vitória.
Cada dádiva, um presente.
Minha fé é fraca, mas a gratidão é grande.
Por ter tão pouco a pedir, e tanto a agradecer.
ou simplesmente caducam.
Faz parte, há que aceitar, buscar algum bálsamo
na penosa lassidão de quem sabe
que o fim está próximo.
Que cada dia sem dor e sofrimento
é uma vitória.
Cada dádiva, um presente.
Minha fé é fraca, mas a gratidão é grande.
Por ter tão pouco a pedir, e tanto a agradecer.
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