As crianças são nossos maiores mestres, pela pureza e sinceridade, mas são as pessoas inescrupulosas as que mais nos ensinam. São as que mentem, enganam, traem, ou seja, as que nos ensinam que a maior burrice que se pode cometer na vida é confiar.
o pior ainda nem chegou
Por motivos óbvios, nunca se falou e houve tanta preocupação com a morte como atualmente. E não é para menos, com a dita-cuja rondando sorrateiramente por aí, na forma de um vírus que quando encasqueta, não livra a cara de ninguém, velho, novo, pobre, rico, da raça que for, é bem liberal o filho da mãe.
É realmente estranho, inusitado, viver sob o espectro de algo tão abrangente e preocupante, não só por tratar-se de uma experiência totalmente nova, que pegou o mundo desprevenido, como pelo fato de estar longe de ser eliminada, como se vê pela média de mais de mil mortes diárias só aqui no Brasil. O que sugere que a volta à normalidade ainda demore a acontecer, se é que acontecerá, considerando que o perfil da doença ainda não está devidamente mapeado, obrigando a manutenção de medidas preventivas por um tempo indefinido.
Como arcar e lidar com o custo disso tudo é que é o grande dilema. O cenário é dramático, e as consequências econômicas ainda estão porvir, em função da falência de mais de 600 mil empresas e 3 milhões de desempregados, segundo as estimativas mais recentes. Sem falar no já anunciado desarranjo das contas públicas, que levou o governo a cogitar o estouro do teto de gastos, por enquanto abortado, sem o quê não terá como manter o socorro emergencial à população e as empresas em dificuldade.
Ou seja, a morte ainda será preocupação diária por muito tempo. Com a diferença de que menos pela Covid diretamente, e mais por suas consequências junto a economia, e das outras enfermidades dela oriunda. Ainda mais se for confirmado que mesmo os curados estão sujeitos a desenvolver doenças em diversos orgãos.
Oremos.
VIDA LONGA AOS HIPÓCRITAS
Luta inglória, reverter sentimentos.
Recuperar aquilo que foi perdido.
Restaurar o amor, o respeito.
Como tudo que se quebra,
os sentimentos nunca voltam a ser como eram.
Inútil tentar.
Bobagem insistir.
O máximo que se consegue é um arremedo
tosco e insatisfatório.
Melhor esquecer, se conformar,
partir para outra.
É o certo a fazer.
Como conviver com alguém que te traiu,
que mente, finge ser o que não é ?
A menos que se aceite as regras do jogo.
Que todo mundo mente, finge, trai.
Todos, menos a pujante raça dos hipócritas, é claro.
Felizmente, a grande maioria.
Porque sem eles, a vida em comum seria
impossível.
o Deus do desamor
Não sei se a vida é errada ou o errado sou eu, mas estranho que Deus
tenha caprichado tanto no geral e acabasse perdendo à mão no arremate.
Ao criar o Homem, essa aberração que destoa em sua obra-prima.
A menos que tenha sido proposital, por mera diversão, para quebrar a monotonia
que as más línguas dizem imperar no Paraíso.
Não é à toa que o inferno parece bem mais divertido.
Não é à toa que o seu anjo dileto se rebelou, e que o próprio menino Jesus
debandou quando pôde, segundo o relato insuspeito do sublime
"Guardador de Rebanhos", de que Deus está velho, caduco
e pouco se importando conosco, simples mortais.
Ora, de fato, tivesse Ele amor pela humanidade, por que esse sofrimento todo,
essa cruz que carregamos desde o nascer ?
Não faz sentido.
O imperfeito ser humano não se explica, a não ser como um contraponto,
um apêndice, ou o mais provável, um rebanho para ser imolado ou para
louvar-Lhe os feitos.
O que eu sei é que Deus não é bom para quem ama.
Porque nos fez fracos, permissivos, promíscuos, de modo que cedo ou tarde
tudo estragamos.
Estragamos o amor, e ficamos com a dor, doenças, solidão.
Sabe-se lá sob quais critérios, poucos conseguem a graça de uma vida tranquila.
Ou estarei exagerando ?
Que Deus não se envolve, em função do livre-arbítrio ?
Pode ser, mas o diabo se envolve, e como !
Ok, são conjecturas toscas, não sou nenhum guardador de rebanhos
como o grande poeta lusófono, o que penso não importa,
sequer sei onde me encaixo, por que ainda estou vivo,
se em tese já dei o meu melhor, e a essa altura apenas gasto o tempo,
sem qualquer expectativa de dias melhores,
tampouco de amenizar meu fardo, me reabilitar
aos olhos daquela que hoje diz que preferia não ter me conhecido.
Tal o mal que lhe causei.
Eu só sei que Deus não é bom para quem ama.
Mais que no amor, é no desamor que Ele se encontra.
um peso, duas medidas
Por motivo algum e motivos vários,
sou a melhor e a pior das criaturas.
A mais digna e a mais vil.
Louvado e execrado.
Anjo e demônio.
O melhor e o pior filho, pai presente e
ao mesmo tempo ausente.
Amante fogoso e relapso.
O outro que existe em mim, afinal,
quem é ?
Sadio e podre,
o certo e o errado, numa só pessoa.
Ou alguém que foi sem nunca ter sido ?
A um só tempo, belo e sujo.
Incrível e sórdido.
Herói e psicopata.
Intenso e promíscuo.
Assim mesmo, aos olhos
de quem mais me conhece.
Há que se dar crédito...
Meu coração generoso e ardiloso,
mártir e algoz de si mesmo,
em paroxismos se diverte e padece.
Despojado de atrativos, às feras lançado,
julgado e condenado
sob um peso e duas medidas.
Eis como tenho sido retratado.
A um tempo triunfante e espicaçado.
Demiurgo de antigas fantasias, amado e
repudiado, fiz de mim um simulacro
do que deveria ter sido.
Dói saber
que quem mais me difama,
consta que um dia me amou.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...