domingo, 20 de setembro de 2020


                                






No começo está o fim, no fim está o começo,

já dizia o poeta Eliot.

O prazeroso e o tormento trocando de lado.

Amor e ódio se contrapondo.

Do idílio à alienação parental,

a via crucis do amor.



sábado, 19 de setembro de 2020




Aqui dentro

só tem o

que não cabe.


Levar a vida que falta,

sem saber qual é.


Bençãos e desgraças. 

É assim que a vida começa e termina.


É fácil estragar as coisas.

Difícil é substitui-las por coisa melhor.






 







O homem público não tem coração.

Teme parecer fraco, humano.

Prefere a fama de ladrão.


O ideal seria constar na Constituição :

tudo que é feito de coração, 

está perdoado de antemão.


O problema de ser honesto, íntegro,

é ser desacreditado pela grande maioria

que não é. Como o Moro, por exemplo,

a grande reserva moral do país defenestrado

por aqueles que se veem contrariados, ameaçados,

diminuídos. 


Pior que a pobreza material é a pobreza moral. 

A primeira é remediável, a outra irredimível. 




 



  



sexta-feira, 18 de setembro de 2020


                                   




Tudo 

foi 

sempre tão intenso

na vida que tive 

que a calma 

a paz que hoje tenho 

me faz sentir 

como 

se tivesse perdido

o que eu tinha de melhor.




 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020




                      homo cellulare





Assim chafurda a humanidade. 

Sem mais nada que surpreenda, escandalize.

O novo normal é o hediondo, o execrável, o escracho.

Ninguém mais teme o enxovalho, a ignomínia.

Quanto mais explícito, melhor.

Por debaixo dos panos perdeu a graça.

A crise de valores e de identidade da modernidade

líquida e confessional assim o exige.

O furor de mostrar-se, exibir-se, a tudo

transcende.


Para o homo cellulare, privacidade é o de menos.

Vale tudo por visibilidade no mundo digital.

As pacatas praças da aldeia substituídas pela

plateia planetária,

que não distingue o cientista famoso

do estuprador,

dá mais importância ao vencedor do BBB do que 

ao ganhador do prêmio Nobel da Paz.

O que vale é ser visto e reconhecido no shopping.

Ter milhões de seguidores, curtidores. 

As pessoas fazem qualquer coisa para serem vistas ou faladas. 

Até mesmo o que até outro dia era vergonhoso,

como a fama de ladrão, corno, ou puta.

Com os parâmetros e critérios tão desvirtuados,

resta saber se é o começo ou 

o fim de uma era.










  



terça-feira, 15 de setembro de 2020





                                                 raça maldita



 


O que pode ser mais triste

do que a floresta exuberante, 

calcinada ?

Os animais silvestres carbonizados.

A natureza agonizando.

O quê pode ser mais desolador

do que o majestoso tigre, enjaulado ?

Elefantes, leões, milhares de criaturas

milenárias caçadas impiedosamente,

abatidas à tiro,

retiradas dos oceanos,

pela ignóbil

mão humana.

Que a tudo conspurca, profana.

"In nomine Patris

et Filii

et Spiritus Sancti", 

eu te esconjuro, raça maldita !






                                            o "falecido"





Matei o infeliz, abestado, desajustado, bipolar,

otário, louco, covarde, psicopata, pervertido,

imaturo,

e de tudo mais que fui chamado

de uns tempos a esta parte.


Matei o desgraçado. 

Este não incomoda mais ninguém.

Chegou a um ponto

em que não dava mais.

Era ele ou eu.

Ou matava aquele meu outro eu,

ou ele me matava.

O lado irônico da história

é que o "falecido" deixará saudades...







  

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