sexta-feira, 25 de setembro de 2020



                os justos


jORGE lUIS bORGES 

(OU UM POUCO DE POESIA DE VERDADE)


Um homem que cultiva seu jardim, como queria Voltaire.

O que agradece que na terra exista música. 

O que descobre com prazer uma etimologia. 

Dois empregados que em um café do Sur jogam um silencioso xadrez.

O ceramista que premedita uma cor e uma forma.

O tipógrafo que compõe  bem esta página, que talvez não lhe agrade. 

Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de certo canto.

O que afaga um animal adormecido.

O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.

O que agradece que na terra tenha existido Stevenson (ou Borges,diria eu).

O que prefere que os outros estejam certos. 

Essas pessoas, que se desconhecem, 

estão salvando o mundo. 





A vida é sempre uma agonia,

como escreveu Lorca,

que pagou com a vida

a ousadia de ser ele mesmo,

quando seria tão fácil aderir ao fascismo, 

ao status quo reinante.

Sério, pense nisso sempre que

achar a vida uma merda.

O que seria a vida,

sem a grandeza de uns poucos ?






                 Foi bom pra você ?



 



"Ponha uma coisa na tua cabeça, nós nunca 

tivemos nada. Não fica imaginando coisas". 

Custei a acreditar, mas estava ali, na porra

do wats ap, depois de um ano e meio comendo 

essa filha da puta, de um dia para o outro 

me vem com essa conversa.

Fiquei, como direi, estupefato, passado, diante 

de tamanha enjambração, mas acabei 

me conformando ao apelar para

o velho Bukowski : 

"Às vezes, quando tudo parece estar no fundo 

do poço, quando tudo conspira e atormenta,

e as horas, os dias, 

os anos parecem desperdiçados,

estirado ali na minha cama

no escuro,

olhando para o nada,

chego a conclusão de que

é bom ser eu mesmo."






 



                   




quarta-feira, 23 de setembro de 2020

senhor





A velhice foi chegando aos poucos.

Custei a aceitar mas os sinais 

foram se acentuando

Passei a ser chamado de senhor.

Fui ficando cada vez mais só,

por livre e espontânea vontade.

A minha e a dos outros. 




 

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