sexta-feira, 11 de dezembro de 2020





Não me pejo

de como me vejo.

Sou um lampejo

de mim mesmo.


 



              até simplesmente desaparecer





Me proibi de ficar triste, de me sentir infeliz

por qualquer bobagem.

Por coisas que não posso mudar.

Mesmo me sendo muito caras.

Minha vida foi muito boa, a velhice não é

motivo para estragar tudo agora.

Só porque estou sozinho.

Só porque perdi minha família.

Só porque quase não vejo meus filhos.

Só porque meu ex-amor me repudia.

Só porque a vida continua resumida a trabalho 

e a matar tempo.

Só porque não consigo mais correr, jogar bola.

Só porque quase não tenho amigos.


Ah, não, não vou permitir que ninharias 

azedem meus dias.

Os poucos dias que me restam.

Os quais pretendo usufruir em paz 

e sem maiores expectativas.

Até simplesmente desaparecer. 



 





O pior sempre chega. 

Mas não há de ser hoje. 



quinta-feira, 10 de dezembro de 2020



                       o triste jugo de ser alguém





Mais do que o afeto,

mais do que o próprio amor,

o homem anseia por respeito.

Como trabalhador.

Como provedor.

Cumpridor de seus deveres.

Como pessoa de bem.

Eventualmente sujeito à falhas, tropeços, quedas,

como qualquer ser humano.

Porém, nem por isso indigno de receber 

o que lhe é devido.


Na pública luz das batalhas anônimas,

nossos atos prosseguem seu caminho sem fim.

Urdindo conquistas e tragédias.

Quando o corpo se cansa de ser o homem que  foi,

o reconhecimento é a régua de sua obra.

Que lhe servirá de consolo ou agonia.

Que é quando os dias consagrados 

ao inútil labor de servir e agradar os outros,

enfim o livrarão  do triste jugo de ser alguém.





 



 


 



                                escondendo o ouro





A vontade nunca cansa.

Vontade disto, vontade daquilo, 

o desejo sem desdouro.

Sempre batendo de frente

com a realidade.

Que vive escondendo o ouro. 



quarta-feira, 9 de dezembro de 2020


                         famintos de amor





Da mulher espera-se submissão

e lealdade.

Algo que ela só finge dar.

Arte que domina com maestria.

A ponto de fazer o homem sentir-se

senhor da situação,

iludido pelas artimanhas do invólucro 

perfeito.


Mulher que, com a linguagem fértil do corpo,

torna crível as juras mais improváveis.

Inebriante os beijos.

Irresistível a paixão.

Volúpia que tão logo extinta, revela os ardis

mais diabólicos.

Aos quais o homem, incautamente, se submete.

Como mendigo faminto de amor que é.




    

                  




Há pessoas que passam por nossas vidas só para gerar anticorpos. (anônimo)




 

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