Essa vontade de partir,
sem ter para onde ir,
para onde me levará ?
bela por fora, podre por dentro
Olhos vermelhos de peixe,
o rosto cansado denota a vigília,
recheada de velhos muros
e florações desbotadas.
A vida enxertada de amores epilépticos
queima o sol, afronta o vento.
A mão invisível do tempo bule a fronte
impregnada de docilidades.
A ressaca do amor vomitando a infidelidade.
Não é sequer respeitável aquela
a quem consagrei meu desvelo, meus melhores esforços
no sentido de conjurar a torpeza,
transformar a tristeza em beleza.
Bela por fora, podre por dentro.
A quem, por sorte, o velho coração relutou
em se entregar.
Sabedor, de outros carnavais, que rameiras não amam.
Amam só o dinheiro.
com o beneplácito do Criador
Em memória de Sérgio Luiz Corrêa.
Como soldados na guerra insana da vida,
um a um os velhos companheiros tombam.
Abatidos aos poucos ou subitamente.
Pranteados ou esquecidos.
Na luta solitária de cada um pela sobrevivência,
o derradeiro desafio é morrer com dignidade.
Armas depostas, missão cumprida, fazendo jus
ao descanso eterno.
Com o beneplácito do Criador.
o amor, ah, o amor...
Tudo o que você precisa saber sobre o amor
é que ele é a melhor ou a pior coisa
que pode te acontecer.
Ou as duas, como na maioria das vezes.
"Quando o amor acontece,
a gente logo esquece que amou um dia".
E repete os mesmos erros e desvarios.
Em que pese o denodo,
em cada estágio da vida o amor é diferente.
Sempre contendo algum tipo de engodo.
Amei, me estrepei, trai, fui traído.
De tantas cabeçadas, já era para ter desistido.
Mas continuo teimando.
É o que mantém o tolo coração batendo.
De que adiante ser inteligente, culto e instruído,
se o amor é cego, surdo e burro?
mentes doentias
Mentes doentias nos espreitam, nos ladeiam, nos envolvem.
Agradáveis, cativantes, misteriosas,
tecem suas teias sutilmente.
Nada os detém quando se trata de atingir seus objetivos.
Narcisistas, sociopatas, na versão light.
Psicopatas, no padrão consagrado através dos tempos.
Estão por toda parte, desde sempre, e em número
cada vez maior, sob os auspícios da deletéria era digital.
Astutos, são maus por natureza.
Encantadores e ao mesmo tempo frios, cruéis,
nada pode detê-los porque não se arrependem.
Evita-los, é só o que se pode fazer.
Mas como ?
Quem consegue, se são exímios manipuladores ?
Nem Deus sabe.
desmandos
No cômputo das ruínas, os detritos são ossos do ofício.
A realidade dá o que falar.
O coração malabarista ostenta aparências que não enganam.
Opressão delirante beira à loucura.
Feras vociferam, é claro.
A casa cai quando ninguém responde. Nem reage.
Quem nos salva dos desmandos de viver ?
A graça da morte é não morrer.
Pensar é um luxo para poucos.
Dialetos da mente purgam o mal resolvido.
Fuga sem rumo, a palavra paterna cura através da amnésia.
Nem todo sofrimento é respeitável.
Quem se importa com as lágrimas alheias
desfruta do invejável.
Todas as perfeições não valem a hipótese da legitimidade.
Eu dizendo, tu não fazendo,
o que pode dar errado ?
o quanto sei de mim Faço do meu papel o sonho de um desditado. Cavalgo unicórnios a passos lentos, para que o go...