almas carnívoras
É fácil amar o belo.
É natural se entregar aos arroubos da paixão.
Tudo é perfeito, enquanto não se vê os defeitos.
Não há encanto que não se desfaz com o tempo.
Não obstante o amor poder transmutar-se em mil formas,
cultivar os hábitos mais persuasivos,
insinuar-se em nossas artérias com sutis ou poderosos
argumentos.
Persuadir-nos com garras de veludo, rebites nos seios,
vagueando entre limo e frestas.
Ei-lo, pois, em sua plenitude.
Devasso, perverso. Não dispensa tapa na cara,
sonhando o mesmo sonho que habita almas carnívoras.
Beijando outras bocas, desejando
outros corpos.
Do amor exigindo mais do que pode dar.
No flagelo se revelando.
O amor verdadeiro só se conhece quando acaba.