quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023



                   o estagnar do estafermo






O inexistente aperfeiçoa o nada.

Eludem as coisas que não representam nada.

O lodo das estrelas, sarjetas cobertas de heras,

retratos de formaturas.

O arremedo encarde crepúsculos.

Nada endireita o que nasceu torto.

O livro de São Cipriano ensina como lidar.

Exceto o estagnar do estafermo.

A função da vida é exerce-la.

Pero isso até as pedras fazem.

No lugar do breve há só o espanto.

Brochuras não vingam em arcanos mentais.

Errante e preso, eis o vareio do saber.

Dizer nem uma coisa nem outra.

A fim de dizer todas as coisas ou nenhuma.

Reaprender a errar é um convite a ignorância.

Uma certa luxúria a liberdade convém.

Há que se dar um gosto incasto à vida.

Enquanto o nada acontece.









  



  



                          mágica





O dinheiro faz mágica

até quando acaba.

Faz pessoas desaparecerem.


               Quer saber quem realmente

                lhe quer bem ?

                Comece a dizer não.


Quando alguém lhe virar as costas,

não vá atrás. Agradeça.

Um encosto a menos.


                Às vezes a melhor maneira

                de resolver um problema é ignorá-lo.


Quando o seu melhor 

não bastar,

tente o pior.


            




 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023



Só posso ser melhor do que sou se, 

e tão somente se,

vir outro eu ser para mim

o que para ele serei.


(Paulo Leminski/ Catatau)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

 

em paz comigo mesmo


entardecer em Saint Vicent Beach


O dia em que eu não mais tiver olhos para o belo. Reparar na beleza do mundo.
O dia em que eu não puder fazer o que gosto, o que me dá prazer. Das coisas mais simples as obscenas.
O dia em que eu não puder andar por aí, gastar o tempo à toa, tomar um expresso no meio da manhã ou um chope ao cair da tarde.
O dia em que eu não sentir mais vontade de preparar algum prato especial para alguém especial, ou para mim mesmo. Com direito a um vinho escolhido a dedo.
O dia em que eu não reparar numa bela mulher passando, não arriscar um flerte, não cobiçar seu belo traseiro.
O dia em que eu não sentir mais vontade de vender meu peixe, literalmente falando, não perpetrar essas mal- traçadas que ninguém lê mas que são como o ar que respiro.
O dia em que eu acordar sem atentar para o canto amigo dos pássaros, e não agradecer mentalmente por tudo que tenho e desfruto.
O dia em que eu não for mais capaz de amarrar os cadarços dos sapatos, de limpar a própria bunda.
O dia em que eu olhar no espelho e não me reconhecer.
Bom, aí eu desejarei partir ou já terei ido desta para melhor. Talvez sem querer. Talvez sem saber.
Mas em paz comigo mesmo.



domingo, 5 de fevereiro de 2023




                    O CADUCEU DE HERMES





Sabido é aquele que não estraga tudo objetando.

O caduceu de Hermes é fértil de expedientes.

A ambiguidade do óbvio obsta as certezas.

Na dúvida, pois, continuemos abstratos. 

A tentação do diabo é ser deus.

A justaposição dos brilhos costuma sair do trilhos.

Estou por ser, sempre !

De olho no dito lapidado pelo erudito.

Nas práticas cotidianas, a confirmação de tudo

que preferiu se furtar a se constituir.

O livre-arbítrio (democracia ? ) é um tiro no pé.

Que o diga quem nos legou essa esbórnia.

O erário público é a casa da mãe joana.

Em matéria de discernimento, convenhamos, escolaridade

não é documento.

Feliz de quem sabe lidar com os desmandos de viver.

É nas minúcias que o constatado se constata. E vice-versa.

O fim repete-se até o recomeço.

No Brasil, as instituições só servem para legitimar o ilícito,

é ou não é ?

Excelência uma ova !

Quem fez o mundo assim não teve tempo de pensar.

Deu no que deu.

Quem tem cu, pisca.

Toda longa história é mal-contada.

Lapidar é ser espesso e definitivo.

Primeiro e único não existe. Ou é primeiro ou único.

Os dois, nem fodendo.

Muito é demais, como se sabe.

Na era digital, língua ferina à disposição em qualquer latrina.

Quem ostenta não nega a origem.

Nenhum fraude se sustenta.

Tróia caiu, por que Brasília, não ?



















 




 








 

sábado, 4 de fevereiro de 2023



Nada é o mistério conciso e inviolável.

Manancial do indizível.

Isento da matéria.

Sonho fora do sonho,

Vazio de todos atributos.


 


                                livre



                            



Desejaria ser livre

das mentiras

dos medos

das verdades.

Para ser aquele que vê

acolhe

saboreia.

Sem intermediários e interferências.






 

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