a espera do que não virá
A espera do que não virá é longa.
O que fazer do tempo, ou de nós mesmos,
de todos os falhados, o evolver das coisas,
a brisa da espera afadigada de soprar - haverá algo
do rancor antigo nas aflições de hoje ?
A espera do que não virá é infinita.
No desfile dos dias, o aboio das vespertinas ausências
se sobrepõe a todos os clamores.
A solidão veludosa das ruínas em que tudo se encerra
remonta à eloquentes mutismos.
Como alguém que se despede.
Como tudo que flui e o verme corrói.
O amor em pouso doendo na alma.
A espera do que não virá.