negociando com a vida
Arrasto meus ossos cansados por aí
pensando em como o tempo vai suprimindo os prazeres,
até mesmo os mais simples, como caminhar, ter uma
noite inteira de sono.
Triste, mas é a vida, não há muito o que fazer, a não ser
procurar mitigar e se possível, tirar algum proveito.
Buscar compensações.
Aprendendo a negociar com a vida.
Saber enquadrar-se nos prós e contra da nova realidade,
mudando a percepção do que se perde,
para o que se pode ganhar.
Ao invés da agitação, valorizar a calmaria, o sossego.
Ao invés da vida desregrada, curtir, degustar.
Ao invés do ímpeto irresponsável, o comedimento.
Ao invés de noitadas, uma boa noite de sono.
Ao invés de vícios, voltar-se à espiritualidade, seja
num centro espírita ou num templo budista.
Ao invés de hiper-dimensionar as preocupações
comezinhas da vida, descomplicar.
Ao invés de sonhar com o impossível, viver
a plenitude do possível.
Arrasto meus ossos cansados por aí sem entregar
os pontos.