pequenas grandes coisas
Passará a dor
Passará o amor
Passará a juventude
Passará o tempo do plantio
Passará o tempo da colheita
Passarão os medos
Já não importarão os segredos
Tudo a terra há de comer.
Morremos em pequenos sorvos sem sentir
Passam os anos lhanos
Assim como os insanos
Perdura, assim, como um livro a ser lido
Um mar a ser navegado
A vida que é ao mesmo tempo
Esperança e tédio
Doença e remédio.
Mas, ai ! Frente ao fluído inimigo
O inútil duelo jamais se resolve
Naquilo que não foi, nem pôde ser
Sofremos por coisas que existem
Sem existir
Luta o corpo contra o tempo
Pelejas que não pode vencer
Angústias na forja das emoções
Ódio, raiva, ressentimentos, coisas
Que envenenam a vida.
Quantos regalos nos são dados
E não damos valor
Todas as regalias e consentimentos
E não damos valor
Incapazes de ver nas coisas mais simples
Todo seu esplendor.
Ah, mas é apenas uma flor...
Uma manhã ensolarada e tranquila...
Um dia sem dor...
Pequenas grandes coisas que passam despercebidas
Desaprendidos de sentir o gosto da fruta
O cheiro da terra molhada de chuva
Das pequenas partilhas que permeiam
Um mundo amoroso e patético
Contra tudo o que maltrata e definha.
Da morte que nem morte é.