sexta-feira, 20 de junho de 2025

                         


                       vai pela sombra



Estou triste mas não infeliz.

Um pouco angustiado, mas aliviado.

Como se tivesse me livrado de um vício.

Porque no fundo, nem chegou a ser uma perda.

Porque nunca tivemos nada,

além de um acordo de benefícios mútuos.

Que com o tempo foi se desgastando, a ponto

de deixar de ser prazeroso.


Estou triste mas não infeliz.

Triste por não ter conseguido te ajudar

como pretendia.

Mas conformado, por ter feito tudo o que

estava a meu alcance.

Só não fui além por uma questão de princípios.

De vergonha na cara.

Pois por mais que goste de você, como gosto,

para tudo há limites.

Quando a relação descamba para a humilhação,

não há salvação.

E você abusou do direito de manipular, chantagear,

debochar de quem mais te ajudou 

e amou na porra da tua vida.

Vai pela sombra, garota.





 



 





                          


                        o cadáver




À vezes a gente sofre de teimoso.

Por não ser um pouco mais cauteloso.

Por abusar da boa fé.

Principalmente ao achar que as pessoas vão reconhecer

o tem valor, o que você faz.

Muita ingenuidade, é claro, pois se nem de filhos

se pode esperar isso, quanto mais de estranhos.

Pior ainda quando te atribuem culpas e 

responsabilidades indevidas,

para justificar a ingratidão, o descaso,

a falta de empatia.

Atitudes perfeitamente normais de narcisistas e 

sociopatas de carteirinha, que além de se eximirem

de toda e qualquer culpa, ainda posam de vítimas.


Pobre de quem convive ou se apaixona por esse tipo

de pessoa.

Pois nunca terá paz.

Estará sempre pisando em ovos, tendo que medir

as palavras, e ai dele se fizer críticas ou cobrar 

as devidas contrapartidas pelo que recebe.

Menosprezo, sarcasmo, ironia, deboche, são as respostas.

Com a frieza e a tranquilidade de quem disseca

um cadáver.

Muitas vezes, o cadáver do amor.


 













                           rescaldo






"Queria não ter te conhecido."


"Queria que você sumisse da minha vida."


"Queria que você tivesse morrido."



Relacionamentos são complicados.

Em dado momento, não há escapatória,

as coisas desandam, 

e tudo de bom vai para as calendas.

Por melhor que já tenha sido.

Por melhor que você tenha sido.

Porque a última impressão é a que fica.

E, você sabe, águas passadas não movem moinhos.


Já amei e fui amado.

Já acreditei e me empenhei em fazer 

o amor dar certo.

Não posso dizer que tudo foi um fracasso total,

afinal, foram décadas casado, vieram filhos

adoráveis, e muitas lembranças boas a considerar.

Mas em dado momento, as coisas desandaram.

Já não importa como e por quê.


Há coisas que saem do controle, fogem a razão

e ao entendimento, 

e quando nos damos conta, já era.

Cabe apenas aproveitar o rescaldo e tentar recomeçar.

sem cometer os mesmos erros.

Para ter uma mínima chance de dar certo.

Para que ninguém mais deseje que você suma.

Ou morra.

















                   caminho sem volta





É bom estar ciente de que, quando você se envolve 

com a ralé, a bandidagem, o mal, 

entra por um caminho sem volta.

Porque as coisas não mudam, as pessoas não mudam, 

e acabam te arrastando para o lodaçal

em que vivem.

A falta de escrúpulos, a falta de caráter, não tem peças

de reposição.

Pau que nasce torto não endireita. Só cortando, 

arrancando pela raiz.

Portanto, todo cuidado é pouco com as escolhas.

Um passo em falso pode causar danos irreparáveis.

Mais do que nunca, vale o velho ditado : 

antes só do que mal acompanhado.








quinta-feira, 19 de junho de 2025

                    

              sem deixar saudades



No fim, quase nunca sobra nada.

E o que sobra, pouco representa.

Não consola, não apaga a mágoa.


Mesmo as melhores coisas se perdem

em meio aos escombros de uma relação

que finda.

Desgastada, exaurida, mutilada.

Quando já não há como estancar a ferida.


Eu tentei.

Você tentou.

Não deu.

No fim, as diferenças falaram mais alto.

Cada qual com suas razões e teimosias.

Não cedendo o suficiente.

Entre brigas e silêncios, algo se quebrou.

Quase nada sobrou.


E quando não há mais comedimento e respeito,

o amor não sobrevive.

Sem fazer falta.

Sem deixar saudade.








Lentamente, aos poucos,

o amor vai nos abandonando,

como um barco que se afasta do porto.


Razão da aflição, da agonia 

que habita o coração de quem vê tudo

a contragosto desmoronar.


Por conta desse sentimento que compõe, dispõe,

impõe seus ácidos enredos.

Cujos enigmas não consigo decifrar.


Devagar, calmamente, o sol declina, o dia expira,

sem que nada de especial tenha acontecido.

Mais um dia sem te ver, mais um encontro adiado.

Reluto em admitir que talvez não sintas 

o que eu sinto.

Que não sintas a minha falta como sinto a sua.

O que explica esse distanciamento

que, afinal de contas, tanto me angustia. 


Já não aguento essa situação.

Chega de enganar o coração.

Chega de deixar que esse amor

unilateral ofusque a razão.

Hora de deixar ir, deixar partir.

Como um barco que se afasta do porto

lentamente. 












 































quarta-feira, 18 de junho de 2025

                         a máscara




A vaidade é a máscara atrás da qual

escondemos o que realmente somos.

Maquiagem, procedimentos estéticos, penteados

e roupas extravagantes, tatuagens, 

vale tudo para chamar a atenção.

Tudo disfarce, todos querendo ser mais do que são.

Esconder o que só entre quatro paredes revelam.

O verdadeiro eu.

Os defeitos.

A falta de caráter. 

Para compensar o que não se compra.

Os fracassos.

As mentiras.

A hipocrisia.

Como você, amor.

Uma fodida metida a besta.

Como eu, outro fodido,

querendo enganar o tempo.


Sim, é bom se cuidar, ter vaidade,

faz bem a autoestima. 

Mas, veja lá, sem perder a noção das coisas, 

o senso do ridículo.

Para que quando se olhar no espelho,

não ver uma miragem, um estranho.

Uma caricatura de si mesmo.



 


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