ranhuras
Tudo se faz de lutas e esperas.
O clamor das mágoas irrompe com furor malsão.
O que fica subentendido se modifica na goela dos aleijões.
As conexões da alma dão luz as coisas ausentes, o que não falta
é munição para o assalto avant-garde.
Truques, armas, blefes : arsenal do mais fino trato
remonta à sílex afiado.
Hoje e sempre, rompe-se o lacre das carências múltiplas.
O gosto pelo chiste encarna o discurso de ódio,
enquanto o poema se deixa consumir por resmungos.
O texto sem ranhuras viola o espírito das letras,
subvertendo o canto do sabiá,
o pulo do gato,
ao que isso nos levará ?
Lampejos de remansos revolvem a fundura dos poços.
Permeiam a luz do fim do túnel, reprimem, regridem,
distorcem,
eludem cavalos de Tróia, mixórdias em banho maria,
ah, quem dera achar o perdido,
sem pecha, sem história.
Ó, pai, ó glória !
Louvado seja Esdras, a cada vitória.