domingo, 24 de novembro de 2024


                         potestades



Funde-se à vida

esse sofrimento à beira fidedigna da louca razão.

Com aquilo que não pode mudar.

Rebaixe-se, rasgue-se, mas não ignore 

a audaz serventia do fracasso.

O palco está escuro, mas o picadeiro ferve.

Pão e circo se locupletam. 

Mas é on line que as coisas acontecem.

Tatuagens e tetas caídas envergonham o corpo 

de forma diferente.

O mugido das multidões supre os dilemas, para que

o sol patriótico brilhe acima das criptas basálticas.

Ninguém morre na véspera, há que ter esperança.

Tudo é vasto, menos a afeição sem nódoa.

Porcos só amam os chiqueiros.

Os sermões dominicais enchem linguiça, mostre-me

a quem segues e te direi quem és.

Afinal, é preciso ser cego para ser feliz.

Bocas lascivas enxertam potestades de antanho.

A miséria confortável alude a Hosanas empedernidos.

Tempos difíceis parem ruínas vindouras.

Incógnito, atravesso o meu hemisfério condenado

a existir.


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