a coisa e o coiso
apesar dos pesares, ainda creio no amor.
Desde que sob certos requisitos, normalmente ignorados.
Mas que após tantos atropelos, tenho como
cláusulas pétreas.
Buscando correspondência e contra-partidas.
Como entre o muro e o caramujo.
A pedra e o musgo.
A calça e o suspensório.
O mico e o cipó.
A madeira e o cupim.
A coisa e o coiso.
Que haja intimidade como entre
a corda e o enforcado.
A aldrava e o portão.
O bicho e a goiaba.
O osso e o tutano.
Que o amor saiba ser vital e desimportante.
Como tudo que vive e apodrece.
Perene como palavras que secam ao sol.
Eloquente como discursos entupidos de silêncios.
Repositório de cacos de vidro, grampos, lençóis.
Mas não estranhe se mesmo assim o amor
te passar a perna.
Te fazer de otário.
Em não tendo limites nem fronteiras.
Às vezes belo e gratificante.
Em outras capaz das coisas mais ordinárias.
Em sonhos que se desfazem em outros sonhos.
Nos quais ainda se acredita
em finais felizes.