terça-feira, 21 de março de 2017

                               


                                                     cansado 


                                                                   

                                                             
Cansado 
Cansado de tudo 
Cansado de ser cobrado
Cansado de ser incompreendido
Cansado de dar murro em ponta de faca
Cansado de remar contra a maré
Cansado de ser saco de pancada. 
Cansado de nada dar certo
Cansado de estar sempre me justificando
Cansado de ser ignorado
Cansado de ser mal interpretado
Cansado de falsidade
Cansado de ingratidão
Cansado de esperar em vão
Cansado de carregar o piano sozinho
Cansado de tocar o piano
Cansado do piano
Cansado de tudo
Cansado de mim 
Cansado...













                                   





                

Curta intensamente os bons momentos da vida,
porque eles são curtos.

           Valorize os momentos ruins, porque são os que mais 
           ensinam e há que se tirar proveito deles, 
           ao menos como consolo.

Não espere ajuda nem compreensão de ninguém,
para não se decepcionar e quebrar a cara, 
pois como reza a lei de Murfhy, 
de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo.

         Não conte com o fator sorte, com a ajuda divina 
         ou qualquer tipo de mandinga, que o diabo está no comando,
         e costuma cobrar caro por qualquer concessão.

Não se faça de vítima ou coitadinho, e nem culpe a vida, 
nem ninguém, por problemas que no mais das vezes,
são de sua única e inteira responsabilidade.

             Ouça mais e fale menos, que assim não só evitará a fama
             de chato como subirá no conceito das pessoas. 
             Desde que não as contrarie, é claro. 

Seja educado, prestativo e generoso, que não se perde 
nada com isso, e de quebra, passa a ser visto 
como um bom sujeito. Mesmo não sendo. 



          


  









 

segunda-feira, 20 de março de 2017


                                   TORMENTO
                          




Vivemos e morremos cada dia um pouco,
um pouco a cada dia, 
sem entender o por quê das coisas,
sem saber de onde viemos,
para onde vamos.
Se é que viemos e vamos
de e à algum lugar.

Vivemos e morremos sem saber
por que somos como somos,
o por quê de uns serem mais afortunados que outros,
se todos são iguais aos olhos de Deus.
Se é que Deus exista ou se importe com a gente.

Vivemos e morremos num instante,
sob o estigma do imponderável,
à revelia da sorte e da compreensão.
Morrendo aos poucos ou subitamente,
no fulgor do dia ou no breu da noite.
Na paz de quem viveu dignamente
ou martirizado por remorsos e arrependimentos.
No tormento de quem está condenado a arder
no fogo dos infernos,
se é que o inferno exista,
se é que o inferno não é aqui.
Na cabeça de cada um ou numa esquina qualquer.
Na nossa propensão ao pecado.
À viver sem rumo e morrer à esmo.


Junho de 2015


sábado, 18 de março de 2017

 

 



                 
                  E antes que me esqueça, ó pra você, mundo cão...



sexta-feira, 17 de março de 2017

                               


                       ESTRANHO NO NINHO


                          

Como saber se o amor acabou, que a coisa desandou, 
a festa acabou ?
Se de repente ou aos poucos ?
Em meio a desaforos ou silêncios ensurdecedores ?
Ora, que diferença faz ? 
Quando acaba, acabou.

Pode acabar de cansaço, do tédio que consome 
as relações.
Pode acabar de inanição, asfixia.
Pode ter acabado há tempo e a ficha não caiu,
até que a indiferença e o desprezo sejam permanente.
Ainda agorinha, você chegou tão fria e distante
que não se deu ao trabalho nem de me cumprimentar.
De me olhar.
Me senti um lixo.
Um estranho no ninho, dentro do meu próprio lar.
Como pode tudo acabar assim ?
Tantos anos, tantas coisas de repente virarem pó.
Cinzas que já não dá para varrer para debaixo do tapete.
Como pode esse menoscabo ?
Esse "até logo, vá pela sombra" que fica subentendido 
quando dás de ombro
para minhas perguntas e demandas.
O teu ar fastio diante do meu pequeno melodrama
que sempre surtiu efeito.
Mas para o qual agora não estás nem aí.

Descaso que já não te preocupas em disfarçar,
bem como o próprio desdém diante de minhas razões 
argumentos,
num claro indício de que já me fiz tardar.
De que já não há nada a fazer para remediar.
A não ser cortar as amarras e partir 
Em busca de outros bares, digo, ares.















                           GRIPADO

Cá estou, na maior amargura,
nesse dia ensolarado,
perto dos 60,
na contagem regressiva
e nos dilemas de sempre
Eis me aqui mais uma vez
acuado pela vida,
aparentemente sem saída,
sem saber direito o que fazer,
se é que fazer é a melhor coisa.
Melhor talvez deixar como está,
deixar acontecer,
o rio fluir,
o sol nascer.
Amanhã é outro dia,
e outros virão.
Deixar para trás o que hoje parece
tão lúgubre
tão triste.
E ainda por cima...gripado !




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