Por que tanta pressa ?
Tantas preocupações ?
Contente-se com os prazeres
da solidão.
Em descobrir quais são.
prisioneiro
Precisava reaprender o que nunca aprendi.
Quisera ter nascido adulto com olhos de criança.
Caminhar entre solidões com o sol no coração.
Escrever versos feitos de sal e angras de ternura.
Revelar-me em cada canto de pássaro prisioneiro.
Ter asas e barbatanas para saciar a sede de liberdade.
Ser a semente que mata a fome de amor e beleza.
Precisava saber o que fazer com o enorme vazio de esperar.
Queria (re)encontrar alguém que fizesse
não me sentir tão só...
na parede da memória
O mundo dá voltas e eu,
folgo em dizer,
já não sinto desejo, nem revolta.
Da vida, tenho sido um
aprendiz relapso.
Mas, enfim, apto
a seguir em frente,
virar a página.
E com a alma nua
como a lua,
do antigo amor desamar.
Sem remorso, sem moratória.
Sem nada deixar ou levar.
Quando muito, um simples retrato
na parede da memória.
a ciranda dos loucos
A vida se refaz, cantando suas dores insepultas.
Aqui e ali, o baldo gozo de sonhos dispersos.
Vago canto de súplicas e imarcescíveis sevícias.
Redutos de ódio profanam o Islã.
O lixo predatório inunda a terra devastada.
Crianças sem futuro herdam o mundo despetalado.
Roem as côdeas de indormidas certezas.
Na ciranda dos loucos que governa a humanidade,
o Bem e o Mal já não distinguem
o certo e o errado.
O SILÊNCIO DOS AUSENTES
Às vezes penso como seria ouvir
o silêncio dos ausentes.
Ceder à tentação de matar alguém.
Como um soldado que não pode
senão matar ou morrer.
Como seria continuar, a despeito de já não ter
para onde ir,
por quê ir.
Acreditar, mesmo em permanente desolação,
a vida imperceptível se desintegrando
em promontórios dolentes.
Pensando, lembrando, atormentado como um místico
diante de sensações proibidas.
Ah, o silêncio dos ausentes,
a mágoa enrustida,
a revolta entalada, por um ou outro motivo retida,
como âncoras poderosas para sempre submersas.
Mas sou covarde. Me contento em não saber.
Para não mais sofrer.
Como a noite que esconde as estrelas,
me exilo nesse silêncio
que liga o inferno ao paraíso.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...