será amor ?
Faça chuva ou faça sol
Aconteça o que acontecer
Estou sempre querendo te ver
Sempre e de novo
Sempre e de novo...
solilóquios
Tudo passa tão rápido
muda tão rápido
que o hoje nem aconteceu
e já é ontem.
Não se interessava por futebol
política
religão.
E sobre o resto, não tinha opinião formada.
Diante de tudo o que vem acontecendo,
palavra,
não acredito nem vendo.
Um gato
pulou o muro
sumiu no escuro.
Tardo.
Meu palpite é que isso ainda vai dar merda.
(o papel-higiênico para a privada)
Nada será como antes.
Nem antes nem depois.
Honrarás o teu pai e tua mãe.
O resto é secundário.
Prometer e não cumprir.
Deveria dar cadeia.
Nunca leve juras de amor à sério.
Como levar á sério
o que não tem critério ?
A carne é fraca.
E cara !
Curioso : assim que as luzes se apagam
ficamos no escuro.
A vida se resolve por si só.
Às vezes com um empurrãozinho.
é preciso que o encanto nunca cesse
Cada dia, ao longo do turbilhão das coisas tortas,
golpeia a vida.
Inflama as chagas de nosso inferno particular.
Inquilinos de espedaçadas esperanças,
só o que nos salva
é ter algo para edificar, pelo que lutar.
Antes que nada mais faça diferença.
Até que o irremediável aconteça.
É preciso que o encanto nunca cesse.
É preciso crescer ao contrário. Crer ao contrário,
depor as ideais pré-concebidas.
É preciso prescindir de representantes, intermediários,
mensageiros para enfim conhecer a verdade.
É preciso fugir das redes, das malhas, das armadilhas
reais e virtuais.
É preciso ver Deus onde Ele não exista, expulsando
os demônios que se passam por Ele.
É preciso suportar o mundo sem fazer concessões,
sacrificando tudo, menos a dignidade.
É preciso ser amável, prestativo, humilde, sem ser
subserviente.
É preciso ser forte, destemido, altivo sem ser arrogante.
E, sobretudo, é preciso nunca se dar por vencido,
para que a vida faça sentido.
Mesmo o amor eventualmente perdido.
No tempo ligeiro é preciso ser certeiro.
Pois tudo o que se guarda acaba perdido ou adulterado,
em ardilosos labirintos.
Altas virtudes e vícios postiços embutem cínicos delitos.
Como vinhos da mesma pipa.
Argumentos e pensamentos embebidos de insidiosas artimanhas,
engendrados em silenciosa e obstinada salmodia.
Matanças indiscriminadas, passatempos banais,
eis a terra prometida.
Eis a herança.
Saber e ignorância nivelados na dúbia face de estoicismo
e desespero.
Pois uns aos outros amamos e desprezamos com o mesmo fervor.
A remissão dos males e dos pecados
começa pela humildade.
Escuta o silêncio. Afasta os maus pensamentos.
Tire os sapatos e caminhe descalço até ferir os pés,
e na dor se humanize.
Desate os nós, e estreite os laços.
Livre-se dos jugos, lavre novos tratos.
Honre os compromissos, mas sem neuras.
É preciso deixar de se preocupar com tolices,
com coisas que não pode resolver.
É preciso apreciar o frescor dos dias inúteis,
em que nada e tudo acontece.
Valorizar os árduos e ardentes elos.
Antes que tudo se resuma a ludibriar o tempo.
Para que não chegue ao precário fim prescrito,
proscrito, sem um legado, como se não tivesse existido.
Incógnito como um rio subterrâneo,
sem nascente nem foz.
gosto dela
Gosto do jeito arrevesado dela,
quando sorri ou me repreende
a troco de nada.
Gosto do seu ar melancólico e reticente,
que me faz querer protegê-la, ampará-la
como se abraça uma criança.
Gosto do jeito como ela anda, fala, respira.
Gosto de vê-la enquanto se veste,
e mais ainda, quando se despe,
Que é quando a tenho
como se fosse
só minha.
um novo querer
Descobrir que não existe mais nada
do que já existiu, ou pensava existir.
Como o corte profundo de uma navalha.
E, no entanto, mais vivo do que nunca.
Mostrando ao mundo como se supera
o desalento.
Ao ressurgir como o vento, e construir
um novo querer.
Um horizonte que faz fronteira com o nada
que deixou de existiu.
dinastias do crime
É redundante pensar que todas as formas de ser
são inconsistentes.
Consistem de ser e não ser.
Embutidos em milhões de silêncios.
Dispersos em raras combinações de virtudes e altruísmo,
em meio a hordas de bárbaros que violam a terra,
incendeiam o céu.
Em vão, procuram-se os corpos extraviados.
A visão apostolar da terra bruta irrompe em mitos
antigos.
Mede os ásperos cumes justapondo sonho e realidade.
Urdindo medo e fervor.
Rompendo amalgamas de sofrimento.
No vasto mundo de almas inquietas e mentes vazias,
as desditas cotidianas rugem e agonizam,
enquanto as dinastias do crime se perpetuam.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...