a diferença
Cena urbana corriqueira que flagrei
outro dia : uma ninhada de gatinhos
abandonados numa caixa de sapatos.
Menos mal que sempre há alguma alma
caridosa para acolher os bichanos, como foi o caso,
folgo em dizer.
Menos sorte teve uma prole de ratos
que minha mãe descobriu
no fundo de um armário velho, na minha longínqua
infância em Cachoeira do Sul, incinerados,
ainda vivos, no quintal.
O guincho agonizante dos bichinhos e o cheiro
de carne queimada nunca mais me abandonaram.
Pois assim é a vida, em que nascer gato ou rato
faz toda diferença.