morre o senso, fica o bom
Tudo que é vago encanta o mundo.
O tempo é escasso para quem sabe usá-lo.
Ai de mim, o olho não repousa.
Preceder é sempre melhor que proceder.
Tudo que aumenta, piora.
Radical come a raiz das coisas.
Sei mais dos outros que de mim.
Dei de melhorar, piorando.
O que a morte perde por esperar ?
O espelho expulsa para um mundo paralelo.
Acaba a inutilidade, fica o que não presta.
Apetrechamento é conhecer as coisas ao contrário.
Não caibo em mim de tanta ternura.
O que se esconde por trás do que vejo
não me acrescenta nada.
Esqueci de avisar, meu sonho é ser mallarmaico, infinito.
Nada de sério merece a atenção.
Ao contar tudo o que se passa, fica-se indefeso.
Já morrer, pode.
A fundura do poço depende do desgosto.
Um a um saem de dentro de nós, os outros.
Cair e levantar-se, tendo perdido tudo, fonte de saber.
Já não estando, ficando.
Já não querendo, dando.
De pena ?
É o que me disse certa mina, quando
descobri que ainda estava dando para o ex.
Falta de vergonha : roubar o que não pode carregar.
Quem nega de certa forma concede.
Talvez a exatidão não seja confiável.
Tudo que baldeia, o gato cobre de areia.
Louve-se o pensamento isento de ser preciso.
O que é verdadeiro, conhece-se à esmo.
Morre o senso, fica o bom.