sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
domingo, 26 de janeiro de 2020
ou dá ou desce
Tudo tem o seu momento.
É preciso esperar o momento certo.
É preciso estar maduro.
Nem antes, nem depois.
Para não colher verde, ou podre.
Tem de ser no momento certo.
Sem pressa, sem dormir no ponto.
É o ciclo natural das coisas.
De todas as coisas.
Não pressione ninguém a fazer o que não quer.
Para o quê não está preparado.
Mas também não espere demais.
De repente, outro colhe.
Numa dessas, é muito tarde.
Tudo é uma questão de timing.
Chamar o filho adolescente à responsabilidade.
Intimar a namorada que não quer
nada com nada.
Procrastinar é um atraso de vida.
Ou dá ou desce,
De todas as coisas.
Não pressione ninguém a fazer o que não quer.
Para o quê não está preparado.
Mas também não espere demais.
De repente, outro colhe.
Numa dessas, é muito tarde.
Tudo é uma questão de timing.
Chamar o filho adolescente à responsabilidade.
Intimar a namorada que não quer
nada com nada.
Procrastinar é um atraso de vida.
Ou dá ou desce,
como se dizia antigamente.
jogar areia e seguir em frente
houve um tempo em que ele se sentia privilegiado,
como se tivesse ganhado na loteria.
na loteria do amor.
tinha uma bela e jovem mulher,
que demonstrava de todas as formas que o amava.
era alegre, carinhosa, espirituosa,
não havia o que ela não fizesse para agradá-lo.
quando levantava cedinho o café já estava posto,
quando saia para o trabalho, ela fazia questão de dar um tchau
da varanda.
havia dias em que recebia mensagens carinhosas
pelo serviço de radio-mensagens,
às vezes encontrava cartinhas de amor no bolso,
tinha, enfim, tudo o que um homem precisa
para ser feliz.
e isso que nem tudo eram flores,
como em qualquer relacionamento,
principalmente, devido ao ciúme dela em relação aos dois filhos
de seu primeiro casamento.
depois de um tempo, começou a trabalhar com ele,
e ao contrário do que se poderia supor,
a convivência praticamente 24 horas por dia
acabou estreitando ainda mais a relação.
ao menos era o que parecia.
até que ela engravidou.
até que um menino saudável e risonho veio ao mundo.
e as coisas nunca mais foram as mesmas.
para o bem e para o mal.
pois junto com a felicidade incomparável do nascimento
de um filho,
vieram as responsabilidades e consequências.
à dano da relação.
ela totalmente devotada ao filho.
ele, repentinamente escanteado, relegado a segundo plano.
situação que culminou numa séria crise,
logo no primeiro aniversário da criança,
contornada, mas não debelada. Posto que ela
continuou se dedicando inteiramente
ao filho,
o que fez com que se reaproximasse dos pais,
e com o tempo, construísse um mundo à parte.
em que ele não fazia parte.
anos se passaram dentro deste contexto,
ela mal tomava conhecimento de sua rotina,
nunca mais pôs os pés no antigo local de trabalho,
e ele,
ainda mais isolado depois que parou de jogar bola,
foi se sentindo cada vez mais solitário, infeliz.
e pior ficou quando se afastou dos dois filhos,
dois ou três anos dolorosos, que lhe custaram muitas
madrugadas insones.
tudo somado, não passou incólume
à chamada crise da meia idade,
em que uma fatídica pulada de cerca quase pôs tudo à perder.
traição que ela, para sua surpresa,
não só perdoou como empenhou-se para salvar o casamento.
e o que ele chegou a achar que era o fim de tudo,
acabou lhe devolvendo a ilusão de que ainda era amado.
só que não.
aos poucos viu que nada mudara,
que a obrigação de mudar competia apenas à ele,
cuja rotina insalubre continuava a mesma,
ao passo que ela se mostrava cada vez mais distante e fria.
mal sabia ele que era exatamente este
o troco que ela estava orquestrando.
o epílogo de uma rica história que ele jamais
imaginou que terminasse de forma tão deprimente.
com gosto de uma grande farsa.
cujos detalhes sórdidos,
ele diz que prefere fazer
como fazem os gatos, com seus dejetos :
jogar areia e seguir em frente.
VERME
saber-se preterido,
reduzido a vagos desejos,
pequenos prazeres,
pesarosas saudades,
existindo sem existir,
deambulando feito sombra de uma árvore
esquálida e estéril.
saber-se nem herói, nem vilão,
nem algoz, nem vítima,
apenas impotente
para mudar a natureza das coisas.
querendo mas não podendo.
nadando contra a maré,
a espera de uma tábua de salvação.
saber-se insignificante,
mero espectador,
simples provedor,
às vezes nem isso,
alguém que deixou de ser,
de fazer falta,
vivendo de nunca ir além
de sonhos já sonhados.
saber-se às portas da senilidade,
sem perspectivas,
entre flores e cruzes vagando,
sem nenhum amigo, nenhum irmão,
apenas solidão,
resignado ante o espetáculo banal que se extingue.
saber-se incapaz de sorrir
como antes,
incapaz de confiar,
vivendo de aparências,
consumido pelas ausências,
a espera do que já não tem perdão.
saber-se um verme,
que da vida furta o que o sustenta.
sábado, 25 de janeiro de 2020
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
"Ah, nem queiras saber o quanto deves
à ingrata criatura."
O quão verdadeiro são os versos do grande Quintana!
Lembrar que tivemos uma parte da vida dela,
e que isso ela jamais poderá passar de ti para ninguém.
Ainda que tudo tenha acabado melancolicamente,
"há bens inalienáveis que sempre farão parte de sua vida presente."
Eis porque, apesar dos pesares, não consigo deixar de querê-la bem.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
A TROCA
Uma cartomante leu minha mão
quando eu era jovem,
disse que meus sonhos mais diletos
não se realizariam.
Mas que teria uma vida
longa e venturosa.
Fiquei chateado,
queria muito ser craque de bola,
mas com o tempo me conformei.
Não fiquei famoso, mas estudei,
me formei, tive três filhos
maravilhosos.
Foi uma boa troca.
Não lamento
nem me arrependo de nada.
domingo, 19 de janeiro de 2020
INVERSÃO
Duas senhorinhas bonitinhas,
sentadinhas no banco na praça.
Mãe e filha em breve pausa da rotina
doméstica,
mais olham do que falam,
imersas em seus pensamentos,
ou talvez não,
apenas observam
as pessoas que passam.
Pessoas que já não reparam umas nas outras,
no drama dos outros,
entretidas com o maldito celular.
A fisionomia cansada de ambas
embute um drama recorrente de nossos tempos.
A inversão de papéis que a vida às vezes
impõe : a filha cuidadora da mãe
com Alzheimer.
Cuidar dos pais idosos e enfermos,
o momento de retribuir o que recebemos deles.
Convém lembrar que um dia seremos eles.
a outra face
Entre os ensinamentos de Cristo, a parte mais difícil, sem dúvida, é amar ao próximo como a si mesmo. Dar a outra face ao ser agredido. É preciso um esforço sobre-humano para seguir tais preceitos, e não nego que sempre estive muito longe disso, embora me solidarize com o sofrimento alheio e não queira o mal de ninguém.
Mas não me recrimino por isso, não por não ser uma exceção à regra - é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro do que alguém assim -, mas porque somos desestimulados o tempo todo até mesmo a respeitar as pessoas. A maldade, a má fé, a desonestidade, a crueldade, sempre foram a marca registrada da humanidade, e a maior prova disso foi a própria trajetória de Cristo entre nós. Foi um cara que só fez o bem, pregou e praticou o amor nas piores condições possíveis, em meio à barbárie daqueles tempos, e mesmo assim foi morto impiedosamente do jeito que foi.
É claro que ele não morreu em vão, que seu sacrifício foi o exemplo mais pungente de amor e grandeza que alguém poderia dar. Sendo filho de Deus ou não, o que chega a ser irrelevante, o fato é que sua mensagem ganhou e moldou o mundo, e mesmo sendo deturpada, indevidamente explorada, desde então trouxe um novo alento às pessoas, como fonte de inspiração e força para enfrentar a barra da vida.
Mas amar ao próximo como a si mesmo, dar a outra face... Trata-se de algo tão atípico ao gênero humano que a reação comum diante de boas ações, é a desconfiança. Quando alguém cala diante de um desaforo, passa por covarde. Não é à toa que tantos preferem o amor dos animais, que diferentemente dos humanos, são fiéis e agradecidos.
É lógico que existem pessoas boas, que praticam o bem, são gratas, dignas, talvez até em maioria, desde que não lhe pisem nos calos. Quero crer que eu seja uma delas. Nunca fiz mal à ninguém deliberadamente, sempre me pautei pelo bem, meus pecados sempre estiveram relacionados ao instinto. A impulsividade. A falta de auto-controle, desiquilíbrio emocional. Aos prazeres da carne. Tenho noção que ser assim sempre afetou drasticamente minha vida, mas nunca consegui mudar e provavelmente morrerei assim. Com uma bala na cabeça, se for o caso.
Mas há algo que me redimi, tenho certeza, e minhas ações estão aí para corroborar. Nada demais. Nada incomum. Apenas e tão somente, ter o coração no leme. Ser correto, procurar fazer o certo. O que num caso específico, tem me colocado à prova nesses dois últimos anos. Que quem me acompanha, sabe do que se trata. E dispensa maiores comentários.
Não nego, tem sido um desafio hercúleo manter o senso de justiça e a serenidade para não perder as estribeiras diante da maledicência e ofensas que tenho recebido. Da total falta de reconhecimento.
sábado, 18 de janeiro de 2020
ninguém é dono de ninguém
Não me interessa saber
com quem andas.
Contanto que eu seja um deles.
Seria ingenuidade exigir exclusividade.
A essa altura,
um chifre a mais ou a menos,
não fará diferença.
Já tive o que achava ser especial.
Alguém que me fazia sentir único.
Puro engano.
Ninguém é dono de ninguém.
Muito menos dos desejos e pensamentos alheios.
Quem achei que fosse para sempre,
era um poço de insatisfações reprimidas.
Não quero mais isso para mim.
Prefiro as putas encanecidas
A acreditar de novo naquilo que o amor
não pode entregar.
velha amiga
Foi sempre a solidão.
Rostos passaram, aventuras, rastos
apagados a cada maré,
a cada marcha-ré.
Onde vim parar ?
Ainda me recordo entre
as paredes do quarto escuro,
indagando, qual o futuro ?
Como o despertar de um sonho antigo,
não sou mais eu agora.
Memórias, amor, e todo o resto,
onde estarão ?
Entretanto, ainda procuro.
Viajo sozinho com meu coração.
Meu velho e maltratado coração, triste
estandarte de uma luta inglória,
em que só me resta
a velha amiga, solidão.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
solitude
O tempo passa, imperceptivelmente.
Quando nos damos conta, já passou.
De repente, um velho no espelho.
De repente, o pai, a mãe, entes queridos,
amigos, todos se vão, para nunca mais.
E nada mais será como antes.
Diante do inexorável,
aí sim, a vida muda para sempre.
Arrasta-se continuamente cumprindo
o rito antigo,
velando a própria solitude.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
cada um têm o amor
que merece
Não sou especialista no assunto
mas afirmo, sem medo de errar,
há várias formas de amar.
O amor juvenil, o arrebatador, o idealizado,
o sofrido, o abortado, o sacaneado,
o sobrevivente, o ressurgente, o delinquente...
Cada qual com suas peculiaridades, seus problemas,
seus dilemas, sua sofrência,
sua data de validade.
Amei de todas as formas possíveis.
Mais fiz sofrer do que sofri.
Mas quando sofri, foi pra valer.
Paguei pelos pecados.
Pelo que fiz e não fiz.
E ainda pago.
Com o rótulo de vilão que me coube,
ironicamente, quando menos merecia.
Justo por aquela que mais amei.
Mas não lamento : ninguém ama
impunemente.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
a voz da consciência
- Tudo, obrigado. Mas desculpe perguntar, nós nos conhecemos ?
- E como ! Não está me reconhecendo ?
- ?!
- Eu sou a sua consciência.
- ...
- Está me estranhando ? Claro, entendo, faz tempo realmente que não nos vemos. Você anda meio sumido...
- Sumido ? Como assim ? E que conversa é essa de consciência ? Tá me zoando ?
- Ora, qual a estranheza ? Todo mundo em tese é dotado de consciência, que vem a ser a essência de cada um. Todos temos essa dualidade, uma dupla face. Uma no plano material, outra no pensamento, que é aquela voz interior que norteia o comportamento.
- Estranho eu estar falando comigo mesmo. Estou olhando no espelho e só vejo a mim próprio.
- É assim mesmo. Eu sou incorpóreo. Só existo nos pensamentos. Estou sempre buzinando em seu ouvido, mesmo que na maior parte do tempo não me ouça. Mas é essa minha função.
- Entendi. Então estou aqui falando e ouvindo conselhos de mim mesmo ?
- Hahaha...De certa forma, sim. Mas isso não quer dizer que esteja maluco. Ao contrário, denota sanidade mental. Se bem que preciso estar sempre alerta, para que não faça bobagens.
- Então é esse o motivo dessa prosa ? Impedir quer eu faça alguma bobagem,ou melhor, mais uma ? Não me leve à mal, mas tenho mais o que fazer.
- Claro, é o que todos alegam para não ouvir a voz das consciência. Sempre há um monte de coisas à fazer, dane-se as consequências.
- Calma, está ficando nervosinho ?
- De maneira nenhuma. Faço o que posso, se não sou ouvido, paciência. Cumpro com minha obrigação, se não quer ouvir é problema seu.
- Mas por que esse sermão todo ? Acaso tenha agido mal ? Prejudicado alguém ?
- Veja bem, como sua consciência, sou obrigado a ser fiel aos fatos, e se for o caso, dar o alerta, por o dedo na ferida. Do contrário, eu nem existiria. Eu sou fruto dos valores e princípios que herdou por genética e ao longo de seu desenvolvimento. Isto em condições normais, pois é cada vez maior o número de pessoas desprovidas dessa espécie de reserva moral que as torna humanas.
- Quer dizer que se você está falando comigo, é porque eu ainda tenho salvação (com um sorrisinho irônico) ?
- Quero crer que sim, mas não se vanglorie. Minha tarefa não tem sido nada fácil. Cada vez que não me dás ouvido, fazes o que não deves, mentes, enganas, trais, vou diminuindo de tamanho e importância dentro do teu mundo. E como você sabe, a supressão da consciência é o traço característicos dos sociopatas e psicopatas.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
domingo, 12 de janeiro de 2020
quebra-galho
Outros têm o teu querer,
eu não passo de um reles quebra-galho.
A outros dás tua atenção, quiçá, otras cositas más.
De mim só lembras em caso de necessidade.
E nada te posso cobrar.
A tudo impões condições, um preço.
Oh, nefanda criatura !
Um dia hás de entender
que há coisas que não têm preço.
Teu materialismo escrachado
não vê o meu melhor.
Meu coração quer te amar,
mas não me levas à sério.
Ou a sério demais, vá saber.
Encontros no Tider (perfis)
Se você é do tipo que acha que pode
me conquistar com coisas materiais,
você está certo !
Cansei de dar de graça.
Não quero nada sério. No máximo, casar.
Procuro Homens, assim mesmo, com agá maiúsculo. Não precisa ser bem dotado, basta saber usar.
Enxugadora de gelo.
Não procuro nenhum príncipe num cavalo branco,
mas também não precisa ser o cavalo.
Sou uma alienígena que adora comer humanos.
Sou a melhor coisa que pode acontecer na sua vida.
Ou a pior.
Já vou logo avisando, sou gordinha e tarada.
Prefiro os feios, que suam mais a camisa.
Ainda há homens que saibam tratar uma mulher no planeta ?
Eu cuzinho muito bem.
sábado, 11 de janeiro de 2020
fim do mundo
Ninguém liga para mais nada.
Atentados à moral pública,
que piada.
O mundo se exibe e se despe
sem nenhum pudor,
num deslizar de dedos.
Putaria, pederastia, pedofilia, necrofilia.
Os bailes-funks da periferia.
Ninguém mais é inocente.
É o fim dos tempos.
A bomba atômica está desmoralizada.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
máximas e mínimas
És eternamente responsável pelas fezes
que fazes.
Tudo o que é preciso saber sobre as mulheres,
é não falar nada que possa ser usado contra você amanhã.
Pois será.
No fundo, os crentes e pretensamente virtuosos são os piores,
pois rezam à Deus mas se aliam ao diabo.
Quem vive na peçonha, de nada se envergonha.
Todo homem anseia por uma mulher honesta, mas são as desonestas que os atrai.
Só se conhece verdadeiramente uma pessoa ao contraria-la.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2020
A mulher honesta
Oh, santa criatura !
Oh, alma sem defeitos !
Que desdita a minha, por já não tê-la
a meu lado.
Fiel, sincera, sublime musa,
de quem guardarei eterna lembrança,
espírito puro
Fiel, sincera, sublime musa,
de quem guardarei eterna lembrança,
espírito puro
como o de uma ingênua criança.
Mas eis que deste mau companheiro
enfim te livras.
Livre para ser feliz com alguém à altura,
numa moradia condizente.
Não o pardieiro que te coube em nosso
litigioso desenlace ( e o qual, generosamente,
Mas eis que deste mau companheiro
enfim te livras.
Livre para ser feliz com alguém à altura,
numa moradia condizente.
Não o pardieiro que te coube em nosso
litigioso desenlace ( e o qual, generosamente,
chamas de palacete).
Não mais irei impedir tua merecida felicidade.
Sem minha vil presença, tudo há de melhorar.
Terás o reconhecimento que mereces.
O prazer que já não sentia comigo.
Aleluia ! Certamente ainda há regalos a tua espera.
Nossa história aqui finda.
Como piedosamente me dissestes,
tratarei de ser feliz no pouco tempo que me resta.
Para o juízo final estou preparado.
Galgando os últimos degraus do alcantil,
enquanto tudo aos poucos esvanece.
É tarde para lamentos e arrependimentos.
Como bem diz o diabo, digo, o ditado,
o lar e uma mulher honesta,
não há dinheiro que pague.
Não mais irei impedir tua merecida felicidade.
Sem minha vil presença, tudo há de melhorar.
Terás o reconhecimento que mereces.
O prazer que já não sentia comigo.
Aleluia ! Certamente ainda há regalos a tua espera.
Nossa história aqui finda.
Como piedosamente me dissestes,
tratarei de ser feliz no pouco tempo que me resta.
Para o juízo final estou preparado.
Galgando os últimos degraus do alcantil,
enquanto tudo aos poucos esvanece.
É tarde para lamentos e arrependimentos.
Como bem diz o diabo, digo, o ditado,
o lar e uma mulher honesta,
não há dinheiro que pague.
mefistófeles
O diabo é malvado,
mas não necessariamente um mau conselheiro.
Ao menos não o Mefistófeles de Goethe, em
seu portentoso Fausto,
ao longo do qual profere sentenças
dignas dos melhores mentores.
À conferir :
Em geral, as pessoas acreditam só de ouvir. Deveriam
pensar um pouco.
Vamos, beba depressa ! Bravo ! Bravo !
Em breve já estará com o coração radiante
e a mente nublada.
Com o diabo em franco entendimento.
Tens pressa de gozar, por quê ? Contém teu ímpeto.
Não é grande o prazer sorvido de uma só vez.
Assim age um tolo, estando apaixonado. Estrelas,
sol, lua é capaz de prometer e dar ao ser amado.
Aquele que desfruta o momento fugaz, este é
um Homem sábio.
Cinzenta, caro amigo, é toda teoria.
Verdejante e dourada é a árvore da vida.
Ao percorrer caminhos doces e suaves,
não leve muita bagagem.
Esta falsa cultura, que o mundo enebria,
já entrou no inferno e o próprio demônio contagia.
Com as mulheres convém sempre evitar gracejos.
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