cavernas bipolares
Entenda
que um deslize zomba do saltimbanco.
Enquanto o odor de chifre queimado dura,
fique frio, saia de fininho.
Não é triste nem alegre
o itinerário amoroso que se despede
violentamente.
O que você esperava ? Finais felizes não se compram
na farmácia.
A falácia embute sabedoria solitária.
Às vezes é só uma questão de ponto de vista.
O tato sente o cheiro do logro
quando o tempo se esgota.
O último que tampe a porta, se a tampa
não servir apague a luz.
O crente virou ateu quando Deus
não o atendeu.
Falar é fácil, o problema é raciocinar.
Os fatos não importam, as versões sempre prevalecem.
Juras dizer a verdade, somente a verdade, nada
mais que a verdade ?
Mas que verdade, cara-pálida ?
A do pretor-mor da República não vale.
Mentiras sinceras são mais interessantes.
Meus amigos são todos umas bestas quadradas.
Ou serei eu o abestado ?
Ninguém sabe das minhas cavernas bipolares.
Agora mesmo, estou feliz e descontente.
Paciente e intolerante.
Solícito e insuportável.
Sou aquele que dá graças pelo que não tem.
Incógnito, atravesso o Cabo das Tormentas
alheio a galhofa, ao escárnio.
E daí se embucetei-me em desvarios fervorosos ?
Melhor do que enfiar a cabeça na privada.
Ou não ?
Me diga você, sabichão.