quarta-feira, 12 de junho de 2019
se eu morrer amanhã
Se eu soubesse que ia morrer amanhã,
nada de especial me ocorre fazer.
Provavelmente, as mesmas coisas de sempre.
Não iria procurar ninguém para me despedir
E muito menos para me desculpar,
pelo que fiz ou deixei de fazer.
O que está feito, está feito, é tarde para consertar.
Também não tentaria me reconciliar com Deus,
pois seria muita hipocrisia.
E Ele saberia.
Nada de preces ou arrependimentos tardios.
Estou preparado para ser julgado por meus atos,
Responder por meus pecados.
Que foram muitos, alguns imperdoáveis.
Que me valeram o desprezo de pessoas que muito amei.
Quem sabe o tempo me faça justiça.
Não deixaria nenhum carta de despedida.
Essas baboseiras que não servem para nada.
O que fiz em vida que fale por mim.
Quando muito, que deem um fim digno à velha carcaça.
Se algum órgão pode ser aproveitado.
E o que sobrar, a exemplo da minha mãe,
dispenso velório.
Pois como disse a velha,
não quero ninguém chorando lágrimas
(de crocodilo) em cima do meu caixão.
Que incinere-se o corpo,
e espalhem as cinzas em qualquer lugar
como tributo a vida boa que tive.
Ou joguem na privada.
Por mim tanto faz.
Não me ocorre fim mais apropriado
para esse melancólico fim de jornada.
terça-feira, 11 de junho de 2019
SER HUMANO
Interessante como a vida da gente de repente pode encolher, ou desidratar, para usar uma expressão da moda. Quando vemos o trabalho afundar, a família desintegrar, a vida afetiva desmoronar, distante dos poucos amigos, agarrando-se a alguns poucos interesses para segurar as pontas.
Tudo isso numa espécie de efeito cascata, como à corroborar a velha tese de que desgraça pouca é bobagem.
Como adepto da teoria da lei do retorno, acredito que tudo, ou quase tudo o que nos acontece, é consequência de nossos próprios atos. Das opções, crenças, maneiras de como lidamos com as peripécias e trapaças da vida. Processos em que os erros e trapalhadas são inevitáveis e de certa forma, vitais para o conjunto da obra, pois são através deles que se dá o crescimento e a sabedoria para seguir em frente sem desabafar. E eventualmente, ser feliz, dentro do conceito que cada um tem de felicidade.
Quanto a impressão, que às vezes se tem, de que nada é tão ruim que não possa piorar um pouco mais, talvez seja em função da corrente de negatividade produzida por nossa mente, a cada porrada que levamos. É a única explicação razoável que me ocorre para explicar o verdadeiro círculo vicioso que se desencadeia em certas etapas de nossas vidas, mormente na velhice, levando tudo de roldão, e em casos extremos, ao nocaute.
Não faço segredo de que estive nas cordas algumas vezes. O castigo foi e continua sendo grande, os joelhos chegaram a dobrar, mas ainda não me curvei. Em poucos meses me vi descartado de um casamento de 18 anos, minha irmã Ingrid faleceu após dois anos lutando contra uma leucemia, sofri um golpe de um antigo parceiro comercial, perdi meu principal cliente por conta de um mal-entendido bobo, e otras cositas más, que prefiro nem comentar.
Não tenho como saber se o mais difícil passou, nunca se sabe o que o destino vai aprontar, mas espero que sim. Já me conformei com as perdas, também não me preocupo mais em resgatar coisas que não dependem de mim, e troquei a revolta e o negativismo pela resignação.
Estou consciente do que represento para as poucas pessoas que ainda fazem parte da minha vida. Felizmente, ainda não sou um estorvo para ninguém. Felizmente, ainda consigo ser útil e capaz de cumprir dignamente com meu papel de pai, provedor e ser humano.
Sobretudo, este, o de SER HUMANO. Com virtudes e fraquezas. Com qualidades e defeitos. Provavelmente mais estes do que aqueles, mas sempre colocando o coração acima de tudo.
segunda-feira, 10 de junho de 2019
AS MAIORES MENTIRAS
DE TODOS OS TEMPOS
1. O crime não compensa.
Compensa, sim. Tanto hoje como antigamente, só os incautos ou ladrão de galinha é punido. Por incauto entenda-se o criminoso
inveterado ou descuidado, que se acha muito esperto para ser pego. No geral, o crime continua sendo a atividade mais lucrativa do mundo.
2. A justiça tarda mas não falha.
Tarda, sim, como de costume. E o pior é que falha, e muito. No Brasil principalmente, por conta não só do código penal leniente como de magistrados despreparados e corruptos. Vale para nossa justiça o mesmo sentimento de desconfiança e medo que se tem da polícia.
3. A vida começa aos 30.
A minha, infelizmente, só piorou.
4. Juro pelo que há de mais sagrado...Te dou a minha palavra...
Quem já não ouviu tais promessas enfáticas e solenes, que não tardam a ser descaradamente quebradas ?
5. Dinheiro não compra felicidade.
Ah, tá. Vai nessa. Pode não evitar enfermidades, desgostos, e eventualmente até desgraças, mas nada nos consome mais do que a falta de grana. Agora mesmo, de bom grado tiraria um ano sabático de tudo se eu tivesse algum sobrando.
6. "Te amo por toda minha vida..."
Sem querer colocar em dúvida a existência do amor verdadeiro, a verdade é que na maioria das vezes, confunde-se as coisas. Confunde-se amor com paixão, carência, conveniência, e até amizade. Passada a empolgação, cai-se na real, quebra-se a cara, e o estrago muitas vezes é irremediável. Casamentos infelizes, desfeitos, filhos que pagam o pato. Não se iluda com o uso abusivo e indiscriminado da terminologia amorosa, não seja burro de levar à sério quando lhe sussurrarem, "você é o amor da minha vida"...
2. A justiça tarda mas não falha.
Tarda, sim, como de costume. E o pior é que falha, e muito. No Brasil principalmente, por conta não só do código penal leniente como de magistrados despreparados e corruptos. Vale para nossa justiça o mesmo sentimento de desconfiança e medo que se tem da polícia.
3. A vida começa aos 30.
A minha, infelizmente, só piorou.
4. Juro pelo que há de mais sagrado...Te dou a minha palavra...
Quem já não ouviu tais promessas enfáticas e solenes, que não tardam a ser descaradamente quebradas ?
5. Dinheiro não compra felicidade.
Ah, tá. Vai nessa. Pode não evitar enfermidades, desgostos, e eventualmente até desgraças, mas nada nos consome mais do que a falta de grana. Agora mesmo, de bom grado tiraria um ano sabático de tudo se eu tivesse algum sobrando.
6. "Te amo por toda minha vida..."
Sem querer colocar em dúvida a existência do amor verdadeiro, a verdade é que na maioria das vezes, confunde-se as coisas. Confunde-se amor com paixão, carência, conveniência, e até amizade. Passada a empolgação, cai-se na real, quebra-se a cara, e o estrago muitas vezes é irremediável. Casamentos infelizes, desfeitos, filhos que pagam o pato. Não se iluda com o uso abusivo e indiscriminado da terminologia amorosa, não seja burro de levar à sério quando lhe sussurrarem, "você é o amor da minha vida"...
7. Deixa eu por só a cabecinha...
Dentro da mesma temática, quem já não passou por essa situação ? Mentira aparentemente inofensiva, mas sujeita ao resultado que todos sabem.
8. Deus está no comando. Deus sabe o que faz.
No comando do quê mesmo ? Como assim, sabe o que faz ? No comando dessa esbórnia ? Só se for tipo aquele filme, "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu." Retoricamente, tudo bem, até se entende que as pessoas precisem de amparo, de um guarda-chuva, mesmo que na prática tudo se revele inútil, e o que prevaleça mesmo é a lei do livre arbítrio, condimentada pelo acaso. Fique em casa coçando o saco ou saia por aí fazendo desatinos, para ver se Deus resolve.
9. Detesto mentira !
Fuja correndo ou disfarce a risada quando ouvir semelhante afirmação. Segundo uma pesquisa recente no Reino Unido, em média mais da metade das coisas que as pessoas falam durante o dia ou são mentira, ou distorções da realidade. Ou seja...
10. Eu não tenho preconceito.
Tema tão antigo quanto controverso, em torno do qual a humanidade se debate desde priscas eras. A rejeição e a resistência a aceitação de outras etnias, credos, e inclinações sexuais, sempre foram - e provavelmente continuarão sendo - o grande entrave para o utópico congraçamento humano.
sábado, 8 de junho de 2019
O AMIGO DAS TARTARUGAS
Hoje, não resisti, ao me deparar novamente com aquela figura estranha, que há três semanas vejo sempre no mesmo local, na altura da ponte dos práticos, no calçadão da Ponta da Praia.
- Qual tua história, cara ? -, fui logo perguntando, curioso e intrigado.
"Desculpe perguntar, mas tenho visto você direito nesse mesmo lugar, sentado na mureta, você passa o dia aqui ?".
- Sim, tenho ficado aqui, enquanto espero...
"Mas o que você está esperando ? Pelo jeito, você é de fora, nordestino talvez, pelo jeito do chapéu?"
- Sim, sim. Sou de fora. Vim para cá em busca de novos ares. Espero conseguir algum trabalho, um lugar para morar.
"Você está dormindo aqui ?"
- Sim, naquele banco do ponto de ônibus...
"Caramba. Difícil, hein ? E mesmo assim, bem disposto, alegre. Vejo você cumprimentando todo mundo. Outro dia vi que estava removendo o lixo do canal do estuário".
- Sim, desde que cheguei aqui, esse tem sido meu trabalho. Você não imagina quanto tem de lixo acumulado só nessa parte. Aproveito quando a maré está baixa e vou retirando o que eu posso. Jogo aqui na calçada, depois as mulheres passam e recolhem. Se eu tivesse onde recolher o lixo, fazia isso também", comentou, com a expressão séria.
- Estou dando minha colaboração para preservar a natureza. Santos, um lugar tão bonito, que eu sempre quis conhecer, fiquei chocado de ver quanto entulho tem enterrado nessa areia. Coisas que vão se acumulando, peças de todo tipo, pedaços de ferro. Mas o pior de tudo são os plásticos. É o que me dizem minhas amigas, as tartarugas...
"Como assim, dizem ? Elas falam com você ?".
- Claro. Na língua delas. Entendo direitinho. Elas até sorriem para mim, sabem que estou livrando elas daquela sujeira.
"Poxa, legal, impressionante, cara. Como é mesmo seu nome ?"
- Marquinhos.
"De onde mesmo você é?"
- Hummmm. Vim de longe, deixei tudo para trás, casa, família. Precisava mudar de ares".
"Tá certo. Prefere não falar."
- Sim. O passado não me interessa mais".
"Tudo bem, eu entendo. E como entendo ! Espero que você consiga logo se estabelecer, morar em cima dessa mureta não deve ser fácil...",
brinquei, pedindo licença para algumas fotos.
- Tranquilo. Pode bater uma de nós dois. E agradeço o que puder fazer por mim -, exclamou, com um jeito altivo de quem ainda não perdeu a fé na humanidade.
Oxalá não se decepcione.
INOCENTES, QUASE VÍTIMAS
Somos todos inocentes.
De qualquer crime. De qualquer maldade.
Inocentes, quase vítimas
no grande tribunal do juízo final.
Hitler, Stalin, Jack, o estripador, Genghis Kahn,
meros instrumentos, anjos exterminadores,
quando não, apóstolos diletos do Criador.
Heresia ? Certamente.
Monstros aos olhos humanos, sob as dúbias leis
e critérios que norteiam humanidade.
Quem os criou, como se criaram, em que circunstâncias,
sob quais motivações, pouco importa.
Monstros indefensáveis, sem dúvida,
num mundo feito e regido pela barbárie,
desde os primórdios.
Maldade, ódio, destruição, são parte da criação,
peças-chave no processo evolutivo.
Não é possível ignorar que as grandes transformações
se deram muito mais à ferro e fogo
do que por meios pacíficos.
A força sempre foi mais persuasiva do que a conversa.
Tudo gira em torno do livre arbítrio.
O senso das coisas.
A noção que podemos fazer, até onde podemos ir.
Que por sua vez é regido pelas leis.
Que por sua vez, estão sujeitas a interpretação dos homens.
De seres falíveis, que embora em tese, doutos, sábios,
ponderados, como se supõe de magistrados,
estão longe de garantir que a Justiça seja feita.
Basta ver os disparates que emanam da Suprema Corte
tupiniquim.
Longe de mim bancar o advogado do diabo.
Sugerir que tudo possa ser perdoado.
Que haja atenuantes para crimes e delitos deliberados e
premeditados, de toda natureza.
Digo apenas que é preciso cuidado ao se emitir juízos,
julgamentos sumários, promover linchamentos públicos.
Há mil fatores a considerar.
Ninguém sabe o que acontece entre quatro paredes.
Ninguém está livre de um dia ser réu.
De se ver na condição de acusado.
De cometer delitos.
Imagine-se alvo de um hipotética aposta entre Deus
e o Demo.
Você, uma pessoa do bem, honesta, íntegra,
submetida a toda espécie de tentações.
Como Jesus nos 40 dias que teria ficado isolado no deserto.
Até onde resistiria a promessas de poder, luxo, luxúria ?
Ora, tudo na vida é circunstancial.
Tudo pode acontecer. Ou nada.
Rezamos para que coisas boas aconteçam, mas só rezar
não adianta.
Só boas intenções não adiantam.
Ser bom não adianta.
Ser feliz é uma quimera.
Viver cada momento é só o que conta.
É só o que temos.
De preferência, nos abstendo
o quanto possível de julgamentos.
O próprio Deus não existe.
Não da forma como nos ensinaram.
Deus está dentro de nós. Em cada um de nós.
Projetado em nossos valores,
naquilo que somos e fazemos.
É a nós mesmos que devemos prestar contas.
Se eu estiver errado,
já vou de antemão me arrependendo,
para que Deus tenha piedade de mim.
E me perdoe, me faça justiça.
Algo que aqui,
seres que se julgam superiores se negam a fazer.
quinta-feira, 6 de junho de 2019
A JUSTA LEI MÁXIMA
Não se preocupe à toa.
Nada vai dar certo.
Nada acontecerá do jeito que você espera.
Não vai acontecer nada de extraordinário,
que mude a sua vida para melhor.
As coisas não vão melhorar, ao menos a curto prazo.
E não sem muita luta e sacrifício,
pois a chamada sorte grande
é para uma ínfima minoria que a gente só ouve falar
ou conhece á distância.
Aguente firme, espere sempre pelo pior,
alguma rasteira, golpe, calote, pois vigaristas
e mentirosos é o que mais têm.
Prepare o espírito, o bolso, cuide da saúde, porque
as probabilidades estão contra você.
As leis de Murfhy regem nossa existência.
Nada é tão ruim que não possa piorar...
Não se trata de negativismo,
muito menos de pessimismo.
É única e tão somente a grande realidade.
É como as coisas são na grande maioria das vezes.
De que adiante se iludir, seguir os mantras
da prolífera indústria da auto-ajuda,
ter fé, e os escambaus quando na prática,
pouco ou quase nada de bom acontece.
E quando acontece, a conta logo chega.
O máximo que podemos aspirar
é que as coisas não piorem,
mas, infelizmente, quase sempre pioram.
Segundo um escrito caldeu datado de 2.000 anos A.C.,
a Justa Lei Máxima da Natureza
prevê que os acontecimentos
bons e ruins em nossas vidas se equivalham.
E que, para as pessoas de bem, lúcidas e proativas,
por uma cortesia dos deuses, os acontecimentos
favoráveis são em maioria.
Pense a respeito. Se as coisas boas são majoritárias em sua vida.
Porque se não forem, vai ver
é porque você não está fazendo por merecer.
Nem eu.
quarta-feira, 5 de junho de 2019
a carne é fraca
O amor vem de supetão ou de mansinho,
Com seus jeitos e trejeitos.
Conheço-os de longa data.
As máscaras, os engenhos, a lábia.
Um engodo só.
Ardiloso e sorrateiro,
Não mais me engana.
Zombeteiro, irônico,
Amor que queima as pestanas,
Usa bandana, sandálias havaianas.
"E um torturante bandeide no calcanhar",
Amor que arde e se desfaz em cinzas,
Que emerge dos mares,
Despenca dos altares,
Entra e sai de cena.
Passeia nos parques, anda de patinete,
Dorme nos bancos da praça.
Faz rafting, crossfit, stand up,
Fuma baseado nos jardins da praia.
Amor profano, que despreza a virtude,
Que caminha entre os mortos,
Dorme ao relento.
Às vezes tem pressa, às vezes retarda o passo.
Canta e dança no calor e no frio.
Na falta de dinheiro, desanda.
No desejo capitula.
Amor de renúncia, do golpe da barriga.
De decepções, muitas, muitas, muitas...
Estúpido, ridículo, lúbrico,
Desaprendido da linguagem dos homens,
Ora rasteja, ora viceja no limbo das redes sociais.
Amor que não se comunica
e se estrumbica, depois de corrompido.
De hábitos devassos, confissões patéticas,
Viaja a lugares imaginários,
De um mundo enorme e rachado.
Na escuridão reverbera,
Como líquido circunda,
E se dilui na riqueza, na busca insatisfatória.
Posto que tudo é falso,
Nesse amor aviltado, precificado, de desejos nunca satisfeitos.
Que se esborracha no chão, como fruta madura.
Amor que faz das tripas coração,
Que brilha feito estrela solitária,
E se apaga na noite sem inocência.
Amor de esperanças que malogram mas renascem
Em imposturas, sinecuras, rastejando entre no limpo,
Para esquecer outro amor sem compostura.
Amor desfigurado e calculista, que corta fundo
Como o talho frio de uma navalha.
Expurgado, regenerado,
Ei-lo que de novo chega.
A carne exige.
A carne é fraca.
A A M M
O O
R
A M O
A M O
A M O A M O R OOOOOOO M R R M
R R M R R M
R R M
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
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