sábado, 24 de agosto de 2019
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
a ilusão de ter sido
Não choro a tua partida.
Despedidas são uma constante na vida.
E a gente não perde o que não tem.
O que não nos pertence.
O que nunca foi nosso.
O que tivemos foi a ilusão de ter sido.
No fim, apenas momentos,
fragmentos de um todo.
Que se perderam como tudo
o que não tivemos,
o que um para o outro não fomos.
terça-feira, 20 de agosto de 2019
a fila anda
A fila anda, diz a galera,
partindo para outra
como se troca de roupa.
Relações fluídas, orgásticos fluídos
passam céleres.
Curtir sem culpa é a ordem do dia.
Corpos, amores vem e vão.
Vidas da memória se apagam.
Tudo logo superado, esquecido.
Não sei mais o que sinto,
o que pensar, o que esperar.
Num instante tudo muda,
mal dá para acompanhar.
De manhã, tem-se uma vida.
De repente, não mais.
No smarthphone, no wats ap,
na mensagem indevida,
a vida dupla se revela.
O tempo voraz as ilusões engole.
Nenhuma certeza, a vida na corda-bamba.
Relacionamentos, empregos,
as insatisfações que afloram.
O encanto logo se quebra.
Paciência, compreensão, logo acabam .
E o frágil amor já era.
A fila anda,
já há outro à espera.
domingo, 18 de agosto de 2019
desconstrução
Uma a uma, as coisas se perdem.
Confiança, cumplicidade, amor, quando se vão,
não se recupera mais.
O fim do amor atormenta.
A separação abala.
Piorar ainda:
a desconstrução
de tudo que foi vivido.
O passado manchado, dilapidado, adulterado.
A culpa e o castigo que cruciam.
Ganhar e perder, perder e ganhar,
faz parte, é a vida.
Ver tudo sumir,
ah, como machuca, derruba.
Buscar forças onde não há.
Apelar para tudo que possa ajudar.
Consolo para o quê só o tempo pode amainar.
Não, não é o fim do amor que mais pesa.
Não é a separação que mais incomoda.
Às vezes é inevitável, a melhor solução.
O que fustiga e corrói
é a dúvida sobre a autenticidade das coisas.
A desconstrução de tudo aquilo que ficou para trás.
O que por tanto tempo pareceu autêntico e inquebrantável,
pequenas e grandes coisas, uma a uma,
transformadas em indiferença, ressentimento,
desprezo.
Em pesada, rude desdita.
fluido e frívolo
Chega a ser assustador constatar a superficialidade e efemeridade das coisas nesses tempos de modernidade líquida, como bem definiu o filósofo polonês Zigmunt Bauman. Uma época de relações rápidas e fluidas, em que tudo fica para trás e mal dá tempo de assimilar o que se apresenta, acentuando a frivolidade comportamental que afeta os próprios sentimentos mais nobres, como o amor, a amizade, os vínculos familiares.
Como se diz, é impressionante como a fila anda, e cada vez mais gente prescinde do convívio e dos relacionamentos tradicionais, não exatamente por desinteresse ou egoísmo, mas em função dos novos padrões inerentes a esse processo. Mal dá tempo para curtir o momento, tal a alternância e o ritmo acelerado das coisas, daí a impressão de estar tudo passando rápido demais.
Ainda estou aprendendo a lidar com essa fluidez, me adaptar as variações que desafiam meus antigos valores, e sobretudo, essa superficialidade que beira o descaso, o desprezo, a renúncia a compromissos e comprometimentos. Não poder confiar é para mim um preço muito alto à pagar, sejam quais forem as vantagens e facilidades desses tempos em que a transitoriedade das coisas só serve para agravar ainda mais o vazio existencial.
terça-feira, 13 de agosto de 2019
fim dos tempos
É fácil constatar. Há coisas extraordinárias acontecendo.
No bom e no mau sentido.Transformações radicais
e valetudinárias.
Riqueza e miséria extrema antagonizando.
O homem brincando de Deus.
Deus se fingindo de morto.
Dando corda.
Franqueando o conhecimento.
Dando corda ao relógio do Apocalipse.
Sinais não faltam. Avisos não faltam.
Riqueza e miséria extrema antagonizando.
O homem brincando de Deus.
Deus se fingindo de morto.
Dando corda.
Franqueando o conhecimento.
Dando corda ao relógio do Apocalipse.
Sinais não faltam. Avisos não faltam.
Os parvos ignoram.
Desprezam as evidências,
ignoram os próprios protocolos de controle.
Na estúpida crença de que a natureza se regenera.
Os interesses e a ganância imperam,
sob os auspícios de governantes obtusos.
Coisas extraordinárias e absurdas, coabitando.
Luxo e riqueza como nunca se viu.
Pobreza e desigualdade como nunca se viu.
Livre arbítrio e liberdade como nunca se viu.
Em meio a ignorância e barbárie de sempre.
Mas eis que o homem quer ir à Marte.
Explorar, morar lá.
Se dispõe a gastar bilhões,
para ir onde só tem areia, pedra.
Sequer oxigênio há, e o calor, insuportável.
Ao invés de cuidar da Terra.
Talvez porque um dia Marte já foi igual a Terra.
Com água, vida, habitada.
Querem descobrir o que aconteceu,
quando a resposta está aqui mesmo.
O homem brinca de Deus, achando que tem tudo
sob controle.
Deus se faz de morto,
enquanto o diabo toma conta.
Não é difícil antever o cenário que se avizinha.
Desprezam as evidências,
ignoram os próprios protocolos de controle.
Na estúpida crença de que a natureza se regenera.
Os interesses e a ganância imperam,
sob os auspícios de governantes obtusos.
Coisas extraordinárias e absurdas, coabitando.
Luxo e riqueza como nunca se viu.
Pobreza e desigualdade como nunca se viu.
Livre arbítrio e liberdade como nunca se viu.
Em meio a ignorância e barbárie de sempre.
Mas eis que o homem quer ir à Marte.
Explorar, morar lá.
Se dispõe a gastar bilhões,
para ir onde só tem areia, pedra.
Sequer oxigênio há, e o calor, insuportável.
Ao invés de cuidar da Terra.
Talvez porque um dia Marte já foi igual a Terra.
Com água, vida, habitada.
Querem descobrir o que aconteceu,
quando a resposta está aqui mesmo.
O homem brinca de Deus, achando que tem tudo
sob controle.
Deus se faz de morto,
enquanto o diabo toma conta.
Não é difícil antever o cenário que se avizinha.
Matéria para a crônica do fim dos tempos.
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