domingo, 20 de outubro de 2019
moeda de troca
Chega um tempo em que tudo se esgota,
tudo cansa.
As palavras se perdem, nada mais importa.
O que foi feito, o que foi dito,
não faz diferença.
A alma cativa e estéril não transige,
desafiando a razão.
Ah, quem dera esquecer a injustiça
que consome.
As coisas perdidas, muito mais que findas,
corrompidas.
Para que o coração humanizado
possa reviver,
e todo esse querer,
em moeda de troca transmutado,
um novo disfarce o amor escolher.
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
atestado de burrice
Sondamos, especulamos,
para dar um sentido ao que não entendemos.
Ou seja, a quase tudo.
As coisas consumidas que ficam revoando, revoando,
no revolto universo dos pensamentos.
As convulsões de um amor não mais amado.
Bate às portas da loucura as trapaças do tempo.
A liturgia das infidelidades, o sono letárgico
das incertezas.
A razão absurda de viver veste a nova realidade.
Não há plano B para o amor que vive
no engano.
É falsa a ideia de afetos imorredouros.
Querer o bem de quem se ama nem sempre vinga.
O amor é egoísta e sacana.
Tudo quer, tudo exige, e quando não consegue,
afasta-se.
Desfigura-se até que se extingue.
Não há transparência nos quartos, na camas,
nas relações
impregnadas de atavismos seminais e psíquicos.
O desejo destrói a alma.
Todos querem a felicidade, mas é a infelicidade
que nos ensina.
Na realidade que transcende a tirania
E o que resta,
são apenas os velhos papéis sociais
A razão absurda de viver veste a nova realidade.
Não há plano B para o amor que vive
no engano.
É falsa a ideia de afetos imorredouros.
Querer o bem de quem se ama nem sempre vinga.
O amor é egoísta e sacana.
Tudo quer, tudo exige, e quando não consegue,
afasta-se.
Desfigura-se até que se extingue.
Não há transparência nos quartos, na camas,
nas relações
impregnadas de atavismos seminais e psíquicos.
O desejo destrói a alma.
Todos querem a felicidade, mas é a infelicidade
que nos ensina.
Na realidade que transcende a tirania
do amor e a liberação dos costumes,
o fracasso é inevitável.
E o que resta,
são apenas os velhos papéis sociais
que pairam
como um atestado de burrice.
como um atestado de burrice.
domingo, 13 de outubro de 2019
AS MOIRAS
Não se iluda,
a vida requer um pacote de mentiras básicas
para seguir em frente.
No lar, no trabalho, no convívio social,
tudo é farsa.
Mesmo na aparente vida superbem resolvida
das pessoas supostamente bem-sucedidas,
o véu que esconde a nudez moral é tênue.
Rasga e se rompe ao menor descuido.
A suposição de que a família é garantidora do amor
nada mais é do que a necessidade de fazer parte
de algo.
Pagamos o preço que for para manter as
aparências.
A hipocrisia é o cimento da vida coletiva.
O que faz alguém ser respeitado,
a não ser excepcionalmente, quase milagrosamente,
não é a integridade, a ética.
O que prevalece é a habilidade de acomodar afetos,
manipular sentimentos.
O horror da vida só é suportável ao buscarmos
utopias de felicidade.
A felicidade, mesmo efêmera, só é factível mediante
utopias de felicidade.
A felicidade, mesmo efêmera, só é factível mediante
uma certa cota de infâmia.
Mas para persuadir as moiras, as virtudes ainda
Mas para persuadir as moiras, as virtudes ainda
falam mais alto.
Sobretudo, coragem e humildade.
Humildade para reconhecer que nada sabemos.
Coragem para manter-se em pé mesmo sabendo-se
Humildade para reconhecer que nada sabemos.
Coragem para manter-se em pé mesmo sabendo-se
fadado ao fracasso.
A busca pela felicidade apenas amplia
as portas do inferno.
* (Inspirado em Luiz Felipe Pondé/ Filosofia para Corajosos)
as portas do inferno.
* (Inspirado em Luiz Felipe Pondé/ Filosofia para Corajosos)
sábado, 12 de outubro de 2019
SENTIMENTOS
O que eu sinto é irrelevante, poderia me salvar mas não salva.
O que eu penso é irrelevante, não vale um dia de sol.
O que eu escrevo é irrelevante, nunca fui grande coisa
em tudo que fiz.
O que eu faço é irrelevante, em meu padrão infantil de comportamento.
O que eu quero é irrelevante, mas eu gosto dos meus pequenos confortos.
O que eu sonho é irrelevante, arde como santos queimados em fogueiras.
O que eu tenho é irrelevante, conquanto não consigo me livrar
O que eu faço é irrelevante, em meu padrão infantil de comportamento.
O que eu quero é irrelevante, mas eu gosto dos meus pequenos confortos.
O que eu sonho é irrelevante, arde como santos queimados em fogueiras.
O que eu tenho é irrelevante, conquanto não consigo me livrar
dessa agonia.
O que eu sou é irrelevante, meu mundo está acabando.
O que eu sinto, penso, escrevo,
faço, quero,
sonho,
tenho,
ninguém se importa.
A mentira, o vácuo, o silêncio, é onde me encontro.
Ninguém se interessa em jazigo de ossos empilhados.
Ninguém é o que eu sou, marcado pelo verme.
Alguém que foi, sob a condição de ser.
Irrelevante a dor, o labor,
qualquer coisa que eu tenha sido.
A comunhão do EU com o não-eu.
Sem mais lastimar, acordar de noite para chorar.
Em meio ao horror inquestionável.
Me achar devedor disto e daquilo.
Não mesmo !
Fiz o que podia, dei o meu melhor.
Não me ressinto de nada.
São os erros que nos permitem chegar à verdade.
Me sinto mais próximo de um pardal do que de Deus.
O que eu sou é irrelevante, meu mundo está acabando.
O que eu sinto, penso, escrevo,
faço, quero,
sonho,
tenho,
ninguém se importa.
A mentira, o vácuo, o silêncio, é onde me encontro.
Ninguém se interessa em jazigo de ossos empilhados.
Ninguém é o que eu sou, marcado pelo verme.
Alguém que foi, sob a condição de ser.
Irrelevante a dor, o labor,
qualquer coisa que eu tenha sido.
A comunhão do EU com o não-eu.
Sem mais lastimar, acordar de noite para chorar.
Em meio ao horror inquestionável.
Me achar devedor disto e daquilo.
Não mesmo !
Fiz o que podia, dei o meu melhor.
Não me ressinto de nada.
São os erros que nos permitem chegar à verdade.
Me sinto mais próximo de um pardal do que de Deus.
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
pesadelos
Há um excesso de tudo na vida.
Notadamente o supérfluo,
em detrimento do mais importante.
Honestidade, verdade, empatia, amor...
Há pesadelos em todos os lugares,
em plena luz do dia.
Até mesmo do velho e bom lar,
um certo cheiro de impostura e podridão exala.
Feliz de quem se livra
desse jugo.
Entretanto, os insensíveis não são os únicos
imunes à frivolidade e ao horror dos novos tempos.
O modelo proposto pelo ideal cristão
nada mais é do que a sua própria denegação.
A fuga das infinitas complexidades
e variedades das aparências,
nos igual e apequena.
E os altos moralistas são os mais hipócritas.
Mas eis que,
quando cessa a busca no passado desconhecido,
aceitar que "fazer o bem é mais importante
que conhecer a verdade"
pode não ser a melhor coisa à fazer,
mas é o que nos isenta de pecados maiores.
Ainda mais que às vezes, a verdade
é o pior pesadelo.
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