o galope cósmico
No horizonte de nuvens desoladas, onde os sussurros
se misturam a bruma, um cavalo cósmico galopa,
sem patas, sem rastro, sem
rumo.
Seus olhos são janelas de auroras, refletindo
o cosmos invertido, em que estrelas caem para cima,
e luas nascem no céu retorcido.
O tempo assim se dobra em espirais, enquanto
relógios derretem em longos suspiros, e o vento conta
histórias de mundos
insones e profundos.
Mãos gigantes brotam da terra, segurando sonhos
como flores
efêmeras, e os dedos se entrelaçam tecendo
tramas etéreas.
Árvores com folhas de vidro povoam
os jardins da memória, abrigando rituais de sacrifício
e pássaros que voam com asas de papel.
Num deserto em que chove areia e dunas sussurram
segredos antigos, um espelho enterrado reflete miragens
e delírios amarrados com cordas celestiais.
O viajante de alma perdida se olha no espelho d`agua,
e
vê um rosto que não é seu, mas de um sonhador
com olhos cansados.
No jardim dos sentidos confusos, flores desabrocham
em
silêncio e borboletas voam à esmo, para que nada
perturbe a paz dos jazigos.
Lá, as lápides não tem memória, e o silêncio fala
línguas esquecidas, para que o finito se torne infinito.
2.
No incomensurável salão do universo, estrelas
e planetas dançam sem gravidade nem destino, girando
em sentido inverso a fim de burlar o tempo.
Nebulosas se entrelaçam em nuvens de gás e abraços cósmicos,
e cometas traçam rotas fugazes no
vazio do sonho galáctico.
No centro de um labirinto espelhado, cada reflexo
é uma porta
para um outro mundo, onde o chão é o céu,
e o céu é o mar,
enquanto a realidade arcana desmorona a cada segundo.
Passos ecoam em corredores infinitos, sussurrando
segredos em dialetos secretos, enquanto o viajante
se perde da realidade sem nexo.
Na praia onde o tempo é melodia e as ondas tocam
acordes perenes, as marés compõem sinfonias que ecoam
nas
profundezas eternas.
Nas areias do tempo, ondas entoam canções cifradas,
em mensagens que só os cardumes entendem.
Nas cidades de aço e concreto, em que ruas e praças
são palcos de atores itinerantes, os dias passam
impregnados de súplicas e dramas sem fim.
Pilhas de mortos nos becos e calçadas distraem
os transeuntes, enquanto cabeças decepadas não param de falar.
No teatro da mente encena-se de tudo, somos todos
marionetes sem rosto nem identidade, puxados
por fios invisíveis que pregustam o inexistente.
Cortinas se abrem e se fecham em sessão permanente, para
que o grande show itinerante da vida possa continuar.
Atores e tramas se sucedem ad infinitum, e o final nunca é bonito.
Sonhos dobrados como origamis voam leves
nas asas do
subconsciente, permeados de desejos ocultos,
que pairam suaves na
mente dormente.
Cada dobra é um segredo bem guardado, cada linha
um desejo
reprimido, incrustrado na imaginação
como diamante bruto.
O limiar do impossível desperta o ser profundo, onde a lógica
desaba e
o absurdo floresce, para que a mente
em liberdade plena invente mundos
que a razão desconhece.
Mundos que nascem de ideias abstratas, desejos que fluem
em pensamentos proibidos, em cenários pintados
com tintas da imaginação, eis o suprassumo da inspiração.
Sou um ser de luz e sombras, que vaga na fronteira
entre o real e o imaginário, fazendo da poesia
um portal de sonhos e fantasias.
Minha mente inquieta abre portas sutis, e com a razão
e o coração em consonância, busco o impossível, o improvável,
o incerto.
3.
No jardim dos amores perdidos, rosas de cristal florescem,
cada pétala guarda o perfume das paixões que nunca envelhecem.
Borboletas de luz dançam no ar, trazendo mensagens
de amores
antigos, enquanto o vento murmura
canções de saudade e corações partidos.
No peito dos amante bate um coração analógico, cujos
ponteiros marcam horas de louca paixão e desejos intensos,
e cada beijo, cada abraço, reverberam fora do tempo.
No céu noturno de amores partilhados, as estrelas
agasalham desejos secretos, enquanto a lua, testemunha
de tantas juras e promessas, sorri em seu brilho suave
e eterno.
Sobre um rio de memórias fluentes, uma ponte de suspiros eternos
se ergue, onde amantes cruzam em passos leves,
deixando para trás desejos indeléveis.
Cada pedra da ponte é um conto de amor que resiste
ao
tempo, enquanto o rio segue seu curso sinuoso
e indiferente. Como a vida.
Na biblioteca da vida, livros contam
histórias de mundos distintos e distantes,
repletos de enigmas e intrigas,
em narrativas que nunca acabam.
No mercado das sensações vende-se emoções
em frascos,
perfumes raros de memórias antigas, saudades embrulhadas
ao gosto do freguês.
Vendedores de ilusões oferecem poções de risos,
alegrias, elixires de sonhos e outras magias. E tudo mais
que não se pode comprar.
Sonhei que me vi no fundo do mar, onde um polvo tocava
um piano com teclas de pérola, enquanto
cardumes de peixes bailavam em círculo, ao som
das notas líquidas e vibrantes, quando, de repente,
as águas se turvaram, tudo escureceu, e eu acordei. Todo molhado.
No parque de diversões cósmico, um carrossel percorre as
estrelas, rodas gigantes giram no espaço, montanhas russas
galgam constelações etéreas.
Crianças de planetas distantes brincam no grande parque
galáctico, onde a vida não passa e a diversão nunca acaba.