o pecado original
De dor a humanidade entende.
Sentir dor, infligir dor, sina recorrente
de um mundo doente.
De gente que mata, tortura, padece de todos os males,
que olha com desdenhosa piedade
o mal que semeia.
É sempre o mesmo ritual macabro que nunca passa,
diante de um deus de pedra que legitima todas
as formas de morte.
Tudo remonta ao pecado original.
Que condenou a humanidade a penar eternamente.
Somos paridos com o mal no coração.
O amor acaba mas o ódio não.
Que o diga os filhos do Tamerlão, do Alcorão.
Proibidos de amar quem não professa
a mesma religião.
O mal está em toda parte.
Os bons pagam pelos maus.
Destruímos, torturamos, matamos, inocentes
como crianças que não sabem o que fazem.
"Perdoa, pai, eles não sabem o que fazem", atestou
o Crucificado, fiador de uma doutrina de perdão
que anula o passado.
De um mundo perverso, pervertido,
erigido à ferro e fogo,
que não merece ser perdoado.