domingo, 29 de junho de 2025


               para quê complicar ?




Para quê complicar ?

Não precisamos nos amar.

O amor sufoca, desgasta.

E não é para sempre.

Basta a gente se gostar.

Se dar bem na cama.

Para quê complicar ?


Para quê assumir compromissos, obrigações ?

Cobranças geram estresse desnecessário.

O amor se indispõe, briga, cria caso 

por qualquer coisa.

Melhor deixar como está, espontâneo, descomplicado.

Gostando de estar juntos, sem forçar a barra.

Querendo ou não querendo, se entendendo.

Quem sabe assim a gente acabe se amando...


* Letra de música

sábado, 28 de junho de 2025





hoje é só alegria


  



                                              Um aninho desse rapazinho, viva a vida !





quinta-feira, 26 de junho de 2025

                          

                    é possível


É possível que o amor não se regenere, depois

de aviltado.

É possível que o amor não encontre pousada, depois

de defenestrado.

É possível que se decomponha no ninho hostil

do cotidiano.

Essa é a praxe.

Essa é a crença.

Mas não a regra.

Pois o amor não se submete às florações

de sua impressentida essência.


Porque eu te amei contra todas as probabilidades.

Como uma doença que pega por contágio.

Garimpando surpresas na seara das paixões.

Tecendo seu duro e áspero enredo

como se o pouco fosse muito.

Refeito como o amor em seu casulo.



terça-feira, 24 de junho de 2025


                          nem Freud explica


Eu sou aquele que te amou

e você não valorizou.

Eu sou aquele que te deu de tudo 

e você ignorou.

Eu sou aquele que acreditou

e você não levou à sério.


Pode ser que o meu amor não tenha 

sido suficiente

Pode ser que tenha me enganado com tudo

e apostado na pessoa errada.

Só sei que paguei para ver e estou sofrendo

as consequências.

Sua ingratidão beira e insolência.

Não aguento mais esse clima de beligerância.

Não vou dourar meu canto só para manter 

as aparências.

Não vou fazer de conta que tudo é lindo

se as insatisfações vão me consumindo.

De tanto me explicar, não me explico mais,

pois não adianta.

Porque você, meu bem, nem Freud explica.




                             madrugada





É madrugada e eu acordado.

O corpo cansado mas a mente inquieta.

Me reviro na cama, cheio de pensamentos. 

O sono não vem, de tanto pensar no meu bem.


É madrugada e o sono não chega.

Apelo para banho quente, chá de camomila,

fone de ouvido,

até carneirinho contei, e nada.

Já tem até passarinho cantando, e o sono não vem, 

de tanto pensar no meu bem.


A madrugada vai alta.

O corpo cansado mas a mente inquieta.

Sei que fiz bobagem. 

Mais uma briga banal.

Não vejo a hora de amanhecer.

Para com meu amor fazer as pazes.


* Letra de música


 

segunda-feira, 23 de junho de 2025


                      tudo conspira contra


Desista,

não há como lidar com gente fora dos padrões normais.

Ainda mais em se tratando dessas moças de hoje em dia,

para quem dar a buceta é a coisa mais natural do mundo.

Será que é para isso que estamos caminhando ?

O famoso liberou geral ?

E já não é nem uma questão de grana.

As menininhas da era digital se contentam com likes 

e compartilhamentos nas redes sociais.

Onde costumam mostrar tudo e um pouco mais.

Onde não só mostram como assumem comportamentos

que beiram a depravação.

Porque uma coisa é o sexo entre quatro paredes, outra

é expô-lo a visitação pública, como carne de açougue.

E o bizarro é que ainda acham ruim quando são assediadas

execradas, ou até mesmo violentadas, em face de um

padrão de comportamento pior que a prostituição. Basta ver

o que acontece em certos raves, em que a moçada seminua 

se entretém em alentada troca de fluídos.

Coitado de quem ainda sonha com uma relação normal,

casar, constituir família.

Porque tudo conspira contra.

Daí tanto homem estar saindo do armário e virando a casaca.








                     


                               faca de dois gumes



Nosso amor é isso.

Uma faca de dois gumes. 

Em sendo feito de carne, nos condena

a sermos meros amantes.


Você foi o corte da minha ferida cicatrizada.

Você foi a faca cega a ferir minha carne

mutilada.


E sob outros aços, outras tramas,

inventou a sede que bebe o meu desejo.


Um alvoroço toma conta de mim

sempre que vou te ver.

Imagine a minha decepção

quando me deixas na mão.

Por que é tão difícil entender ?

Se brigo, cobro, implico, 

por pura vontade de te ver ?


O tempo perdido me consome.

Cada dia sem te ver é como uma colheita

perdida.

Não percebes que o amor e o ácido que o destrói

buscam a mesma coisa ?

Sobreviver ao corte informe

de uma faca de dois gumes.



domingo, 22 de junho de 2025



Um lembrete aos neófitos em poesia :

Não levem ao pé da letra tudo o que escrevo aqui.

Pois não passa disso, poesia...

Trocando em miúdos, 

não confundam cu com bunda.

 



Como ser feliz com tanta gente

passando fome, 

morrendo em guerras estúpidas ?

Mas sempre se pode

virar o rosto.

Ignorar o chumbo dos dias.

Lavas as mãos isentas de culpas.

E deixar-se, assim, calados.



                         o anti-amor


Você me perdeu antes mesmo de me ter.

Foi um anti-amor o que tivemos.

Que mais maltrata do que afaga.

Incompatíveis e inúteis.

Um o espelho do outro.

Ruminando as raízes da solidão.

Roendo as próprias entranhas.

Graves e profundos, em nossas

cegueiras e vertigens.


Apaguei o encantamento.

A luz que te vestia.

O teu amor me inoculou nostalgias

do fundo do tempo.

Esse teu rosto encantador,

Essa tua boca carnuda,

pôs o abismo sobre meus ombros.


Quis te amar mas você não deixou.

O teu amor reina sozinho.

Entre o teu ser e o meu,

entre ficar e partir,

o anti-amor investe como um cão furioso,

estraçalhando o coração.








     



Dormir

Dormir

Dormir 


              Para sempre

              Para sempre

              Para sempre


Seria um presente

Dormir para sempre



                        


                        contradição


Sinto falta

da tua pele

da tua sede

do teu nojo.


Vejo todo meu sonho permanecer no sono.

A contradição é a chama que aclara

a paisagem.

A memória não se dobra à traição.

Os presságios afundam no silêncio.

Onde ficar exala o odor de peixe podre.

Retornar ao velho enredo está fora de cogitações.

Esqueça-me, antes que te esqueça.

Ou queira-me, antes que te rejeite.





sábado, 21 de junho de 2025


                                         no money, no sugar



Amor e ódio.

Ódio e amor.

Palavras que saem facilmente

de sua boca.

Sem dúvida, você odeia melhor do que ama.

Faz drama, faz tudo parecer pior do que é.

Basta ser contrariada para mudar de pele

como uma cobra.

Não faz questão de ser agradável.

Nem mesmo de ser amada.

Diz que jamais se submeterá a algum macho.

Prefere outro tipo de relação.

No money, no sugar.

Esta é a minha garota.






                    quando o amor se transforma em nojo



O amor pode facilmente se transformar em ódio.

E até em nojo. 

Basta você descobrir os podres.

Constatar que foi enganado, usado,

levado pela empolgação,

pela aparência,

pelo desejo.


Às vezes a gente até sabe que a pessoa não é confiável.

Mas por um motivo qualquer, resolve acreditar, apostar.

Às vezes dá certo.

Outras não. 

Mas não sejamos tão exigentes.

Poucos passam num teste de fidelidade.

O dinheiro é o argumento ao qual poucos resistem.

E é até compreensível, sob certas condições,

ceder a seus apelos.

Muito pior é a promiscuidade.

A mulher promíscua é pior que uma puta,

que faz disso uma profissão, tão honesta

como qualquer outra.


O que dizer de uma garota que vai numa rave,

em trajes sumários, para rebolar, se esfregar e

trocar fluídos com tudo que é macho ?

Tudo por simples diversão.

Não é de dar nojo ?







                 desdita


Você foi a melhor e a pior coisa que me aconteceu.

Me resgatou e depois me afundou.

Me deixou uma culpa limpa e sem dor,

e de quebra, o amor.

Curou meu coração mas me deixou no vácuo.


Bem que me avisou que não queria nada sério.

Cansada, como eu, de uma relação normal.

Meu azar foi que me apeguei, meti os pés 

pelas mãos, e acabei com outra desilusão.


E eu achando que tinha dado sorte.

Quando na verdade apenas troquei 

uma desdita por outra.

Você me salvou com uma mão e me afundou 

com a outra. 

Era bom demais para ser verdade. 

Ao menos uma vez na vida, amar e ser amado.




                    sem amor a vida não vale a pena



                                          (
foto produzida por I.A.)


A velhice não me assusta mas me desafia.

Dentes quebrados, próstada inchada,

cabelo caindo.

Sem mais perspectivas senão morrer

com dignidade.

Se bobear, depressão, Alzheimer. 


Estou velho mas não acabado.

O corpo declina mas a mente nunca esteve

tão afiada.

Me recuso a envelhecer.

Me cuido, sou ativo, produtivo.

Até um novo amor encontrei.

Porque sem amor não sei viver.

Sem amor a vida não vale a pena.




 

                                        o trato





Onde o amor é pouco, não se engane.

Não se iluda.

Seja esperto.

Não entre de peito aberto.

O desencanto é certo.


Onde o amor é pouco,

não vacile.

Não entre de cabeça.

Não seja louco, todo cuidado é pouco.

Não se rebaixe, 

Curta os momentos, relaxe.


Onde o amor é pouco, não se envolva,

não se empolgue.

E sobretudo, não se apaixone. 

Tenha lucidez e humor.

Se não dá para levar à sério,

que seja ao menos divertido.


Onde o amor é pouco, que haja compensações. 

Diversão, companheirismo, sexo casual.

E que assim se lavre o trato : se não há amor de fato, 

que sejamos bons amigos.







sexta-feira, 20 de junho de 2025

                         


                       vai pela sombra



Estou triste mas não infeliz.

Um pouco angustiado, mas aliviado.

Como se tivesse me livrado de um vício.

Porque no fundo, nem chegou a ser uma perda.

Porque nunca tivemos nada,

além de um acordo de benefícios mútuos.

Que com o tempo foi se desgastando, a ponto

de deixar de ser prazeroso.


Estou triste mas não infeliz.

Triste por não ter conseguido te ajudar

como pretendia.

Mas conformado, por ter feito tudo o que

estava a meu alcance.

Só não fui além por uma questão de princípios.

De vergonha na cara.

Pois por mais que goste de você, como gosto,

para tudo há limites.

Quando a relação descamba para a humilhação,

não há salvação.

E você abusou do direito de manipular, chantagear,

debochar de quem mais te ajudou 

e amou na porra da tua vida.

Vai pela sombra, garota.





 



 





                          


                        o cadáver




À vezes a gente sofre de teimoso.

Por não ser um pouco mais cauteloso.

Por abusar da boa fé.

Principalmente ao achar que as pessoas vão reconhecer

o tem valor, o que você faz.

Muita ingenuidade, é claro, pois se nem de filhos

se pode esperar isso, quanto mais de estranhos.

Pior ainda quando te atribuem culpas e 

responsabilidades indevidas,

para justificar a ingratidão, o descaso,

a falta de empatia.

Atitudes perfeitamente normais de narcisistas e 

sociopatas de carteirinha, que além de se eximirem

de toda e qualquer culpa, ainda posam de vítimas.


Pobre de quem convive ou se apaixona por esse tipo

de pessoa.

Pois nunca terá paz.

Estará sempre pisando em ovos, tendo que medir

as palavras, e ai dele se fizer críticas ou cobrar 

as devidas contrapartidas pelo que recebe.

Menosprezo, sarcasmo, ironia, deboche, são as respostas.

Com a frieza e a tranquilidade de quem disseca

um cadáver.

Muitas vezes, o cadáver do amor.


 













                           rescaldo






"Queria não ter te conhecido."


"Queria que você sumisse da minha vida."


"Queria que você tivesse morrido."



Relacionamentos são complicados.

Em dado momento, não há escapatória,

as coisas desandam, 

e tudo de bom vai para as calendas.

Por melhor que já tenha sido.

Por melhor que você tenha sido.

Porque a última impressão é a que fica.

E, você sabe, águas passadas não movem moinhos.


Já amei e fui amado.

Já acreditei e me empenhei em fazer 

o amor dar certo.

Não posso dizer que tudo foi um fracasso total,

afinal, foram décadas casado, vieram filhos

adoráveis, e muitas lembranças boas a considerar.

Mas em dado momento, as coisas desandaram.

Já não importa como e por quê.


Há coisas que saem do controle, fogem a razão

e ao entendimento, 

e quando nos damos conta, já era.

Cabe apenas aproveitar o rescaldo e tentar recomeçar.

sem cometer os mesmos erros.

Para ter uma mínima chance de dar certo.

Para que ninguém mais deseje que você suma.

Ou morra.

















                   caminho sem volta





É bom estar ciente de que, quando você se envolve 

com a ralé, a bandidagem, o mal, 

entra por um caminho sem volta.

Porque as coisas não mudam, as pessoas não mudam, 

e acabam te arrastando para o lodaçal

em que vivem.

A falta de escrúpulos, a falta de caráter, não tem peças

de reposição.

Pau que nasce torto não endireita. Só cortando, 

arrancando pela raiz.

Portanto, todo cuidado é pouco com as escolhas.

Um passo em falso pode causar danos irreparáveis.

Mais do que nunca, vale o velho ditado : 

antes só do que mal acompanhado.








quinta-feira, 19 de junho de 2025

                    

              sem deixar saudades



No fim, quase nunca sobra nada.

E o que sobra, pouco representa.

Não consola, não apaga a mágoa.


Mesmo as melhores coisas se perdem

em meio aos escombros de uma relação

que finda.

Desgastada, exaurida, mutilada.

Quando já não há como estancar a ferida.


Eu tentei.

Você tentou.

Não deu.

No fim, as diferenças falaram mais alto.

Cada qual com suas razões e teimosias.

Não cedendo o suficiente.

Entre brigas e silêncios, algo se quebrou.

Quase nada sobrou.


E quando não há mais comedimento e respeito,

o amor não sobrevive.

Sem fazer falta.

Sem deixar saudade.








Lentamente, aos poucos,

o amor vai nos abandonando,

como um barco que se afasta do porto.


Razão da aflição, da agonia 

que habita o coração de quem vê tudo

a contragosto desmoronar.


Por conta desse sentimento que compõe, dispõe,

impõe seus ácidos enredos.

Cujos enigmas não consigo decifrar.


Devagar, calmamente, o sol declina, o dia expira,

sem que nada de especial tenha acontecido.

Mais um dia sem te ver, mais um encontro adiado.

Reluto em admitir que talvez não sintas 

o que eu sinto.

Que não sintas a minha falta como sinto a sua.

O que explica esse distanciamento

que, afinal de contas, tanto me angustia. 


Já não aguento essa situação.

Chega de enganar o coração.

Chega de deixar que esse amor

unilateral ofusque a razão.

Hora de deixar ir, deixar partir.

Como um barco que se afasta do porto

lentamente. 












 































quarta-feira, 18 de junho de 2025

                         a máscara




A vaidade é a máscara atrás da qual

escondemos o que realmente somos.

Maquiagem, procedimentos estéticos, penteados

e roupas extravagantes, tatuagens, 

vale tudo para chamar a atenção.

Tudo disfarce, todos querendo ser mais do que são.

Esconder o que só entre quatro paredes revelam.

O verdadeiro eu.

Os defeitos.

A falta de caráter. 

Para compensar o que não se compra.

Os fracassos.

As mentiras.

A hipocrisia.

Como você, amor.

Uma fodida metida a besta.

Como eu, outro fodido,

querendo enganar o tempo.


Sim, é bom se cuidar, ter vaidade,

faz bem a autoestima. 

Mas, veja lá, sem perder a noção das coisas, 

o senso do ridículo.

Para que quando se olhar no espelho,

não ver uma miragem, um estranho.

Uma caricatura de si mesmo.



 


terça-feira, 17 de junho de 2025



                        o leão e a gazela



Não me canso de admirar

a morena que me ignora.

Jeitosa, dengosa, 

passa sempre pela rua onde moro.

Passa distraída, nem imagina

que fico sempre a espreita-la. 

Como um leão de olho na gazela,

nas savanas do Serengeti. 


Ah, morena, sonho com o dia

que a sorte me sorria.

E enfim repares em mim.

E vislumbres o quanto te quero. 

E finalmente possamos nos conhecer melhor.


Ah, morena,

jeitosa, dengosa,

me amarro em você.

Posso ser tudo o quiser.

Até casar eu caso, se for o caso.

Basta você querer.

Basta você reparar em mim.

No quanto te quero, como um leão 

de olho na gazela, 

nas savanas do Serengeti.


*letra de música





                          

                                    despojos



O mundo de amor e ódio me espreita.

Que sortilégios ainda aguardam meus dias ?

Se sonhos e expectativas já deixei para trás ?

Meu céu é de solidão e conformismo.

Nada mais espero, a não ser 

a benção de uma morte tranquila.  


Assim como passaram meus pais, o tempo

em que tudo queria e podia, 

hoje cumpre resignar-me com os despojos

dessa venturosa jornada.

Nem por isso ruim, muito menos triste.

Guardadas as devidas proporções,

minha realidade nada deixa a desejar. 

Sou feliz a minha maneira.

Reconfortado pelos momentos mágicos já vividos,

bem como outros que ainda estou vivendo.

Porque a vida pode ser mágica e trágica,

e ainda assim espalhar dádivas

a cada manhã, de todo irreverente.





segunda-feira, 16 de junho de 2025


                     o presente do presente



 


               




Eu vivia do passado. 

Vivendo do passado.

Saudoso das coisas que se foram.

Inconformado pelo que perdi.


Vivia amargurado.

Atrelado as coisas de outrora.

Que eram o meu parâmetro.

Querendo o que já não podia ter.

O que já não existia.

E por não mais existirem,

parecendo melhor do que foram.


Porque insatisfações sempre existiram.

Tristezas e decepções são uma constante na vida.

Fazendo com que nos refugiemos no passado.

Quando não conseguimos lidar com o presente.


Mas, graças a Deus, consegui superar.

E mais que isso,

desfrutar de um verdadeiro tesouro.

Meus filhos.

Meu orgulho.

Os dois que já criei.

O meninão que ainda crio.

E este filho temporão

que me fez reviver emoções passadas,

mas com os pés no presente maravilhoso.

O presente do presente.

Que faz meu velho coração transbordar 

de ternura.


Gracias a la vida que se restaura

a cada amanhecer.

E nada mais a dizer, a não ser

agradecer.





domingo, 15 de junho de 2025


                 o amor não deixa barato




Não há simetria no amor.

Um sempre sente mais que o outro.

Sofre mais.

Ama mais.

Alguém sempre se ferra.


O amor nunca é igual.

Alguém sempre se doa mais.

Se sacrifica mais.

E nem poderia ser diferente.

Cada um tem seu jeito de ser.

E o que somos, é como amamos.

Pessoas maduras, equilibradas,

amam melhor.

Pessoas instáveis, geniosas,

desfiguram o amor.


O amor exige muito.

É uma busca constante de paz e harmonia

em meio a turbulência.

Nada do que se faz é o bastante.

Não há simetria no amor.

Porque não basta fazer quando o outro

não reconhece.

Porque não adiante esperar reciprocidade

de quem não consegue dar.


A métrica do amor não se mede com  palavras,

mas com ação, atenção.

Eu te amo é fácil falar.

Demonstrar são outros quinhentos.

Cobrar é fácil, retribuir é que são elas.

O amor nunca é igual.

Muda conforme o tempo, a idade,

as fases.

E às vezes nem amor é.

Interesse, conveniência.

Tudo tem seu preço.

E existindo ou não,

o amor não deixa barato.













terça-feira, 10 de junho de 2025


                    um homem ou um rato ?






Tudo o que eu queria era não ter que pedir.

Tudo o que eu queria era partir de você

a iniciativa de me procurar, de me ver.

De demonstrar que sente minha falta, 

como sinto a sua.

Mas qual o quê. 

Não sei se por orgulho,

ou pior ainda, indiferença, 

você some, fica dias sem dar notícia.

E só reaparece quando precisa de alguma coisa,

pedir algum favor, 

ou um de seus famosos pedidos de empréstimo,

que já viraram até motivo de piada.

Pois nunca devolve nada, muito menos a atenção

e o afeto que lhe tenho.


E ai de mim se reclamar, cobrar qualquer coisa,

ignorar o quanto és ocupada, e eu,

só falta dizer, um chato de galocha.

Rapaz, se liga, penso comigo, 

sai dessa vida,

deixa de se humilhar por alguém

que não está nem aí para você.

Vai procurar quem te queira, que te respeite,

ou fica na sua.

Pois nada nem ninguém é mais importante

que a tua paz. 

Não insista, não seja chato.

Afinal, és um homem ou um rato ?



* letra de música 







 

segunda-feira, 9 de junho de 2025


                        nada mais traiçoeiro



A gente luta

tenta 

investe

concede

se reinventa

arrisca

sofre

se desdobra, não mede esforços

para fazer dar certo

aquilo que nunca se contenta

que não se sustenta

não tem lógica

maltrata

mutila

rasga por dentro

sangra

até converter-se em mágoa

náusea

O amor faceiro

matreiro

nada mais traiçoeiro

encanta

seduz

consome

arde feito fogo

até a exaustão

quando a brasa

vira carvão.



* letra de música



domingo, 8 de junho de 2025


                    

                      desiderato


A espera pelo que não virá é longa.

Mas meu coração não  se cansa 

nem se dá por vencido.

Às vezes ridículo e ingênuo, colecionando

tropeços.

Mas sem nunca deixar de ser 

grande e generoso.


Nele cabe de tudo.

Amor, sofrimento, melancolia.

Cabe música e poesia.

Cabe o mundo todo.


Paciente, não se importa de esperar.

Elabora circunstâncias, quimeras.

Consolando e sendo consolado.

Corajoso e imprudente.

Sempre aberto a novas paixões.

Iluminado pela beleza da solidão.

Vivendo de sonhos e fantasias.

A espera pelo que não virá.


                           fora de moda



Mesmo fora de moda e correndo o risco

de parecer piegas, 

me assumo um romântico da velha guarda. 

Mando flores, puxo a cadeira para as damas,

sou respeitoso com as palavras

e - santa heresia ! - dado a fazer poemas.


Sou sentimental, gosto das músicas antigas,

bolero, tango e tudo mais.

Ao contrário de hoje em dia, dou e exijo 

exclusividade. 

Curto andar de mãos dadas, jantar a luz de vela,

namorar no carro.

Não abro mão de muito beijo e abraço. 

Se bobear, até serenata faço.


Confesso meu desconforto com o imediatismo

de hoje em dia.

Que dispensa o ritual da conquista.

Estranho os relacionamentos vazios, 

a banalização do sexo,

o amor precificado.

Meu romantismo fora de moda

ainda acredita no amor verdadeiro.

Mesmo que precise inventa-lo. 












                         quando o mundo se quebra




Um dia o mundo se quebra.

E nada nunca mais será como antes.

Novos atores entram em cena,

com  suas armas e bagagens.

Perdido, o amor se lava de seus triunfos

e pecados.

Outras portas se abrem, enquanto o desencanto

inventa outras formas de viver.

Roendo o osso das banalidades

como um cão esfomeado.

Impregnado de valores abstratos.

Contrastando com ser.

Contrastando com estar.

Enquanto o silêncio se expande.


Quando o mundo quebra

outro surge, igualmente injusto.

Igualmente imundo.

Em que as dores de amores se dissipam

com outros amores.

 

sexta-feira, 6 de junho de 2025


                 um pouco de tudo


Já não estando, ficando

Já não querendo, dando

Dei de melhorar, piorando

Me perdendo, procurando


Ai de mim, meu olho não repousa

Tudo o que aumenta, piora

Tudo o que é vago e vulgar

encanta o mundo.


Miséria pouca é bagagem

No dia lindo de morrer, o terror ignora 

o cessar-fogo

Qualquer coisa é melhor que nenhuma


Carrego um pouco de tudo

Pedras preciosos e entulhos

Coisas que venho garimpando

nos descampados do mundo


Sou um pouco de tudo

Gente fina e vagabundo

Não sou herói nem bandido

Sou o vício da minha cura.






                    nem tanto ao mar, nem tanto a terra.



Nada do que tive se compara

ao que tenho agora. 

O presente é tudo o que importa.

De que vale lembrar das alegrias da vida pregressa

se tudo ficou para trás ?

Ainda mais que nem tudo foi tão bom, tão real,

como me parecia.

Que por melhor que a vida tenha sido, nada é duradouro.

Muito menos o amor.


Há que ter consciência de que a vida é feita

de altos e baixos.

Que o segredo é manter o prumo.

Sem se deixar levar pela empolgação ou pelo desespero.

Em suma, nem tanto ao mar, nem tanto a terra.

Ninguém é feliz sem conhecimento de causa.


  


        antes, durante, depois


Não sei se ainda há amor entre nós.

Se ainda é amor o que sinto.

Me dói admitir que já não te vejo como antes.

E certamente sentes o mesmo.

E eis que o impasse se estabelece.

Prosseguir, administrar, se conformar

com uma relação morna, 

baseada muito mais em companheirismo,

ou tirar o time, partir para outra ?


Não há como saber qual o melhor caminho.

Há muitos fatores em jogo, que exigem

reflexão, pé no chão.

Compreender o real significado 

do antes, durante e o depois.


De tanto amar nos perdemos no tempo.

Subitamente, nos vemos confusos, insatisfeitos.

Desejosos de auroras que não vimos.

De repente, tempos pressa e a insatisfação

nos leva a acreditar que há uma nova vida

à espera.

Redescobrir um Paraíso que nunca mais 

será o mesmo. 


Eis os fatos. Não se pode ter tudo.

E tudo tem um preço.

Não se iludir com o amor que chega

já de partida.

Trocar seis por meia dúzia.

Conferir o que vê no espelho.

Se mancar que talvez 

já tenha passado tua hora.






  


             caminhando sobre brasas


Não sei,

não vi,

se ainda há amor por aí.

Anônimo e desconfiado

Reciclado e desfigurado.

Imprevisível e obcecado.

À espera de algum coração desavisado.


Não sei, não vi, 

se ainda há amor por aí.

Como um oásis no deserto.

Ou o próprio deserto.

Imenso e falho.

Exótico e neurótico.

Expert em jogos eróticos.


Não sei, não vi,

se ainda há amor por aí.

Antigo como um manuscrito.

Cheio de sabedoria e loucura.

Convivendo entre facadas e prazeres.

À prova de dores e flores.

Como o amor deve ser.


Não sei, não vi,

se ainda há amor por aí.

Triunfante e debochado

Caminhando sobre brasas

Esbanjando defeitos e qualidades

Iluminado de escuridão

Como só o amor sabe ser.




quinta-feira, 5 de junho de 2025




                 a alquimia do amor


Difícil de encontrar

Mais difícil ainda de durar

A alquimia do amor mistura

o velho e o novo

sabedoria e loucura

luz e escuridão.


Findo o encanto, todos fracassam.

Do nascimento ao livre-arbítrio, 

tudo precisa ser visto e revisto.

o buraco negro da existência é mais embaixo.


Todos têm direito a ser feliz.

Poucos conseguem.

O amor é difícil de encontrar.

Mais ainda de durar.






                      como o amor deve ser





É possível que ainda exista amor por aí.

Anônimo e desconfiado.

Reciclado e amancebado.

Incrédulo e desfigurado.

Imprevisível e reconciliado.

Aguardando por algum coração desavisado.


É possível que ainda exista amor por aí.

Como um oásis em pleno deserto.

Ou o próprio deserto.

Tardo e falho.

Exótico e neurótico.

Expert em torturas eróticas.


É possível que ainda exista amor por aí.

À prova de dor e de flor.

Antigo como um manuscrito.

Cheio de sabedoria e loucura.

Amplo em facadas e prazer.

Como o amor deve ser.


Triunfante e debochado,

caminha sobre brasas,

sem defeitos nem qualidades,

iluminado de escuridão,

se não é amor, 

o que é ?





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