declaração de princípios
( à moda Manuel de Barros )
1. Declaro, para os devidos fins de deveres e direitos, não
me sentir credor nem devedor de nada que não seja gratuito,
espontâneo, incondicional.
2. De nada que não possa ser compartilhado, que não tenha
poros, raízes, penas, entranhas, coração.
3. De nada que não implique em sentimentos corrompidos,
líquenes, pélagos, nojos, limbos, de resto, o adubo da vida.
4. De nada que não seja decadente, sujo, assombrado, despojado,
que é onde se encontra a sabedoria da indigência.
5. De nada que não tenha reentrâncias, gretas, rachaduras,
reveladores de arcanos mentais.
6. De nada que não possa ser visto, apalpado, cheirado, degustado,
por motivos óbvios.
7. De nada que não seja habitado por pedras, mendigos, bichos,
que não precisam ser ninguém na vida.
8. De nada que não esteja aberto aos desentendimentos.
9. De nada que não possa habitar seus próprios desvãos.
10. De nada que não possa dar concretude à solidão.
11. De nada que não tenha propensão à escória, que não seja
sazonal, que não possa dar testemunho das obras de Deus.
ready-made
O corpo e seus possíveis apelos devora
desejos, cheiros, pontos obscuros clamando por espaço,
para ser visto, triturado.
Na pele, tatuagens ao invés de cicatrizes denunciam o
que a roupa esconde.
Artifícios despedaçados que saíram de órbita.
Poesia não se explica, explica-se. Tudo se encere
no modernismo, farrapos da miséria deixam rastros nos antros,
nos passos cansados da legião de proscritos.
Ninguém mais vê o óbvio.
Tudo o que reflui permanece.
Postulados metafísicos procriam alternativas "apreciáveis e
duradouras".
A existência cotidiana aniquilada no ready-made do universo
se arrastra em jornadas malogradas e fraticidas.
Jazidas devolutas de ordinária alienação desenterram
as sementes que não vingaram.
A urgência da conscientização partilha os monólogos
não cumpridos.
A cultura autóctone sem transgressão sucumbe à mediocridade.
Intelectuais de antanho discutem os termos
de uma rendição honrosa.
a norma vigente
O doentio é a norma vigente.
Banquetes e latifúndios de prazeres no tempo
em que quase tudo é descartável.
Fracassamos em buscar significados onde os sentidos
comungam a exuberância perdida.
Desamparo, escombros, ruínas sacrificam o tempo
enovelado em caudalosa agonia.
Para que serve a fúria ? Para que serve um poema ?
O mundo tornou-se estranho sob novas regras fungíveis.
Tão deletérias quanto. O monstruoso e o maldito
como declaração de princípios.
O preciosismo linguístico não dá conta de tanta vulgata.
Sem sexo, sem bola, sem vícios, a vida é uma droga.
amor caricato
Assim eu te amo.
Intensamente, no ato.
Vagamente, se for o caso.
Pois nem sei quem és, de fato.
Sabe Deus no que vai dar
esse amor caricato.
Amo-te, todavia.
Como uma gaivota que se desprende
ao acaso.
Como a brisa que se intromete
na tarde vagarosa.
És como a luz fosforescente nas águas dançantes.
A trovoada que ressoa distante, e seu vago
clarão itinerante.
Amo-te sem esperança.
Abandonado como uma velha âncora.
Celebrando a vida com tua esporádica presença.
Campanário de lamentos e pensamentos sombrios
quando te ausentas.
És minha e não és.
Caçadora de meus sonhos solitários.
De dia matas minha sede.
À noite emigras para uma vida que desconheço,
em que desvanece o desejo de tê-la para sempre.
"Ah, é tão curto o amor, tão demorado o olvido" (Neruda).
outro
qualquer
eu
Não sou um homem como qualquer outro.
Sou um outro como qualquer eu.
Meu fardo é meu fado.
Sou fiel a meu legado.
Mas não faço nada obrigado.
O que eu era ontem não renego.
Apenas me nego
a continuar cego.
O mundo já acabou
e se refez tantas vezes,
que nada é efetivamente novo.
Tudo morre e renasce
como a galinha e o ovo.
Serão os homens todos iguais ?
Diferentes apenas em condições especiais ?
Quando deixam de ser animais ?
O que sabes tu de mim,
se nem a ti mesmo conheces ?
Teu retrato, perdido em alguma gaveta,
honrosa exceção na profusão
das coisas esquecidas.
Deus se perdeu
na eternidade
ou na senilidade ?
A única morada que dura
é a da sepultura.
pombos sem asas
Por mais que eu tente,
falho em traduzir o que sinto,
mas não obstante o dolo, o ato falho,
o caralho, alhos e bugalhos, e os escambaus,
os tolos enganos são como pombos sem asas,
anseios vãos, vê-se claramente o quanto estou apaixonado,
não me pergunte os porquês
e comos,
quando não há entre nós sequer planos,
nem futuro.
contrastes
Envelheço.
Aos duros contrastes me submeto
como quem vai para o cadafalso.
Eu tinha a ilusão de ser infinito
o sentimento que era meu escudo,
e quebrei a cara.
Mas ainda não perdi o prazer pelo jogo.
Meu viver é solitário, mas das fugas e sonhos
me libertei.
Ao temor de ser eu mesmo, me adaptei.
Na realidade de éter e de gesso,
tudo tem seu preço.
Pago de bom grado.
Sei que em breve serei descartado,
como tudo que já cumpriu seu papel.
Atitude
Quando, em poucos dias, seu filho mais velho manda você calar a boca e não se intrometer em seus assuntos pessoais; quando seu filho adolescente diz não dar 1% de importância a suas opiniões; e sua suposta namorada, com quem você se preocupa, gosta, e ajuda financeiramente, diz não haver nada entre vocês além de uma troca de favores, inevitável não se perguntar o quê está fazendo de errado.
E mudar de atitude.
o glorioso destino
de um mundo sem poesia
A fome, a miséria, carcaças apodrecendo a céu aberto
não rendem poesia.
Os hábitos, os vícios, os gostos modernos não rendem poesia.
Os eternos conflitos hegemônicos e étnico-religiosos,
não rendem poesia.
A nova escala de valores da pós-modernidade não rende poesia.
O recrudescimento de estupros, violência doméstica
e discriminações de toda espécie, não rendem poesia.
A crescente desigualdade social, a falácia político-religiosa,
a manipulação midiática, não rendem poesia.
O exibicionismo, a ostentação, as aberrações, os golpes,
as fraudes, em suma, as mazelas do mundo digital
não rendem poesia.
Grandes transformações abarcam e tangem a humanidade
para seu glorioso destino.
Em que a poesia não é mais necessária.
Nem o amor, à venda na Internet, como tudo que é descartável.
a lógica dos sociopatas
Acima de toda e qualquer coisa, a vida é uma sucessão
de enganos.
De engano em engano o coração desenganado vai se despetalando,
às fraquezas e desalentos se entregando,
marcado para sofrer,
se esvaindo como um veio de água escorrendo pela encosta.
Enganamo-nos com tudo e com todos.
Entre doces ruínas mortas
edificamos caminhos de ternuras idiotas.
O amor germina e acaba como tudo que é inapreensível.
Uma coisa é viver a vida, a outra é estabelecer condicionantes
para a felicidade. Como os laços afetivos, que são os
que mais nos ferem e decepcionam.
Gasta-se o tempo construindo quimeras autofágicas.
A busca de nós mesmos rói e escalavra
o sentido das coisas.
Vivemos num mundo de mentiras que vende a doença
como cura.
Em que o lema é subornar a permissiva consciência.
Em nome da sobrevivência tudo é válido.
Enganando os outros, enganando-se.
A verdade de cada um investe contra a verdade do outro.
Pouco importa estar com a razão ou não.
A razão do mais forte, do mais poderoso, sempre prevalece.
Quando não da truculência.
Para estes, os enganos não contam.
Sob a lógica dos sociopatas.
lágrimas benditas
Fui destinado a ser feliz.
Privilegiado por tudo que recebi.
Sofri muito menos do que mereci.
Das coisas erradas fui sempre absolvido.
Não nasci para grandes feitos, mas colhi o que plantei.
Dores arbitrárias, amores malogrados não me derrotaram.
As adversidades me fortaleceram.
As lágrimas benditas me humanizaram.
O coração exaurido de tudo,
Saciado do amor como uma abelha
Que se afoga no próprio mel.
entrega
Por mais que eu fuja, não queira, o amor teima
em me encontrar.
O amor barro, planta, bruto, imoral.
Achega-se de um jeito tão envolvente
como a dor saindo da ferida.
Passeia entre cerejeiras em flor.
Mata minha sede na fonte mais fresca.
E não obstante tratar-se de buquês de carnes
corrompidas.
me entrego a elas.
As prostitutas...
a democracia da bandidagem
É duro admitir mas mais felizes são os alienados,
os ignorantes, analfabetos funcionais, sociopatas,
que não se questionam, não tem noção das coisas
e pruridos morais.
Como os lulopetistas.
Que torcem para o país não dar certo, que acham
a bandalheira algo normal, dentro do famigerado slogan
"rouba mas faz".
Em suma, escória atrai escória. O populacho, a mídia
e ícones populares desmamados à forceps das tetas públicas,
à infinidade de sindicatos, ongs, MLTs da vida, partidos de esquerda
a banda podre do Supremo, que veem no maior ladrão
da história não o salvador da Pátria,
mas da cleptocracia que bem ou mal o governo
Bolsonaro botou para quebrar.
E o resultado aí está, as estatais voltando a dar lucro depois de
décadas, a economia crescendo, o superavit comercial
batendo recordes, o desemprego recuando para níveis nunca
vistos, tudo isso em meio as sabotagens do congresso, do supremo,
de governadores, que se beneficiaram e fizeram uso político
de dois anos de uma pandemia que prometia quebrar o país.
Pois não só não quebrou como não impediu que o "genocida"
socorresse a população mais carente, entregasse obras
de infraestrutura como nenhum outro, e de quebra,
recolocasse o Brasil entre as grandes potências mundiais.
Algo que a escória prefere ignorar, por ignorância, má fé,
ambição, ou seja lá o que for, em função de uma narrativa
demoníaca que coloca os próprios fundamentos da democracia
em xeque.
Uma democracia que serve aos propósitos da bandidagem
não é democracia.
cansado de ser
O mundo não vai mudar.
Pode apenas parar de piorar.
Algo difícil de se acreditar.
Cansado de ser,
me contento em estar.
Nunca tantos fizeram tão pouco.
Santificados sejam os poetas.
O que seriam das insignificâncias sem eles ?
Como diz tio Manoel de Barros :
"O mundo é como bosta de onça,
tem de tudo : cabelo de capivara, casco de tatu,
pele de cobra..."
Nunca é demais lembrar : quem não tem cu,
não contrata pica.
Esquerdopatas são piores que barata,
que são só nojentas.
Fiquei sujo no meu canto,
para que a merda não respingasse em mim.
Confiar é o mesmo que carregar água num cesto.
Tudo passa. Exceto o que amamos.
No tempo que passa mas não passa,
nós passamos, as coisas ficam.
CELEBRE !
Como diz Rilke, celebrar é preciso.
Mesmo não havendo nada de especial à celebrar.
Escuta o coração, a mensagem ininterrupta que vem do silêncio.
Antes que a carne apodreça, ou já tenha apodrecido.
Todas as idades estão sujeitas a degradação.
A correnteza eterna não faz distinções.
Celebrar ou vegetar ?
A escolha é sua.
Há que ler os dias, antes que o tempo acabe.
Antes que o tempo de fazer as coisas acabe.
E em não havendo mais nada para amar, ame-se.
Perdoe-se.
Todos se foram mas você não está só.
Arranje um cão, um gato, busque sabores nunca saboreados.
Não se preocupe mais em conquistar, deixe que te conquistem.
Não se preocupe tanto com os outros, obrigando-se a agradar.
Seja mestre de si mesmo, com ternura encare o fim
dos hábitos terrestres.
"Toda mudança surda do mundo traz consigo deserdados"
( de novo, Rilke).
Afinal,
quem nunca morou em seus próprios abismos ?
Quem nunca se acovardou, deu o beijo de Judas ?
Quem nunca foi um vizinho chato ?
Quem nunca agradeceu a Deus por algo que não aconteceu?
Quem nunca quis sair de casa ?
Quem nunca fez coisas execráveis ?
Quem nunca se viu ruminando esperanças mortas ?
Quem nunca xingou Deus e o mundo ?
Quem nunca se cansou de fazer sempre as mesmas coisas ?
Quem nunca viu brotar na testa um corno, feito um unicórnio ?
Pense, veja o que fez, do que se livrou,
e celebre !
metamorfose
Sou minha própria âncora e cruz.
Sou a noite galvânica, bruxa catando rã,
buscando na dureza do destino o alimento
que devora a boca.
Sou a transição do que eu era convertida
em tórrido estio.
Quando escolhi ser eu, o fecundo céu
abriu-se como o Mar Vermelho de Moisés.
Nos dias lentos que cerram suas pálpebras,
a verdade se descobre pétala por pétala.
Minha nova identidade me outorga as feridas
cicatrizadas.
Não ser o que fui é tudo o que eu quero.
Um tigre com sangue no focinho.
nem antes, nem depois
Pássaros assustados
voam à esmo.
Um filho perdido
a espera
do pai pródigo.
Ramos secos, nuvens obsidianas,
paradas no meio da chuva.
De que serve a vida
senão para tanger
ou ser tangido ?
Andando é que se conhece
e se aclaram as ideias.
O homem que rasteja
dir-se-ia que finalmente
se encontrou ?
A gente é do tamanho do que pensamos.
É mais fácil uma borboleta voar em linha reta
que achar alguém feliz.
Intenso e gárrulo : assim se faz o álacre.
Ninguém merece passar fome, já começou errado por aí.
Inteligência é se fingir de burro
Plantar verde para colher maduro.
A vida avelã nunca será um pêssego.
Nem antes, nem depois. A aurora sempre chega na hora.
fragrâncias secretas
Nossas raízes acendem ao mistério das fragrâncias secretas.
O que somos, por que somos, nos debatendo em falsas identidades.
Em voos brancos e negros, nos segredos e medos,
vagando por premências insepultas,
da lenta infância não saímos ilesos.
Sempre mudando, nunca mais sendo os mesmos.
Filhos do impuro, do veneno inoculado pela velha
condição humana.
Consta que Hitler também foi "ein gutes kind" (colhido em
Paulo Mendes Campos).
pegar ou largar
ilustração de Rene Magritte
Apesar dos pesares, não descreio do amor.
Desde que preencha certos requisitos, normalmente
ignorados,
mas que após tantos malogros, passam a ser pétreos.
Que haja compatibilidade como muro e caramujo,
pedra e musgo,
calça e suspensório,
cipó e macaco,
cupim e madeira,
a coisa e o coiso.
Que haja intimidade como a corda e o enforcado
a aldrava e a porteira,
o bicho e a goiaba,
o osso e o tutano.
Que o amor saiba ser vital e desimportante,
como as coisas que vivem e apodrecem,
discursos entupidos de silêncios,
palavras que secam ao sol,
repositório de vidros, grampos, urinóis.
Mas não estranhe se ainda assim
o amor mije na sua perna,
defeque na sua cabeça.
Capaz das coisas mais ordinárias.
Em não tendo limites nem fronteiras.
Às vezes belo e gratificante
Outras vezes, seco e oco como junco.
É pegar ou largar, como sempre.
coisas que ninguém me ensinou
A teoria é sempre melhor que a prática. Em tese.
Pensar por conta própria é um luxo para poucos.
As coisas definitivas não acontecem por acaso.
A besta humana está sempre disponível
para as coisas mais sórdidas.
A incapacidade de perdoar é um luto permanente.
Perdoar uma traição não é só uma questão de querer.
Requer ampliar as virtudes até a quimera.
O dinheiro não compra felicidade. Pouco dinheiro, né ?
estar só
Estar só é dormir entre flores.
Estar no seio da morte.
Nu e liberto
nas bordas da existência.
Estar só é viver de miragens.
Afagar casas tortas, sutis venenos.
É ir além de si próprio,
para chorar com os mendigos.
Estar só é viver em dobro.
Íntimo de covis de mil acenos.
Beber da água mais pura
com a boca imunda de apelos.
Estar só é abrir os braços
para o abraço que não pode ser.
É uma saudade estranha escondida no coração.
E gostar de estar assim, esquecido.
terra abençoada
Domingo frio e chuvoso, pouca gente na rua,
saio para caminhar, como de hábito.
A orla santista é bonita
mesmo com o tempo carrancudo.
Santos, terra abençoada !
Onde fixei morada há quase meio século.
Onde vi crescer meus filhos,
construí minha história,
fiz incontáveis amigos, alguns poucos
desafetos,
que foram os que mais me ensinaram.
Por mais feliz que eu tenha sido
em minha infância gaúcha,
foi aqui que me fiz homem.
Onde, a exemplo do meu saudoso pai,
deixo um nome do qual meus filhos
podem se orgulhar.
Obrigado Santos, pelos dias de ouro e
de chumbo,
por tantos domingos de sol e de chuva,
os quais ainda hoje, perto do fim, celebro
por poder desfrutar.
a parábola
Reza a parábola que um homem foi deixado pela mulher.
Um homem bom e justo, mas que, segundo ela, deixava a desejar
em outros quesitos.
O tempo passou e o homem descobriu que na verdade,
ela o havia trocado por outro bem antes, e para justificar-se,
passou a difama-lo inclusive perante o próprio filho.
Quis o destino, porém, que não tardasse para que ela ficasse
seriamente doente, e coube a ele acolher e cuida-la
em seus últimos dias.
O homem ainda reza para poder perdoa-la.
forte e frágil
Desejaria ser pacífico, amável, sem mistificações.
Ser presciente e maduro.
Prestimoso como a terra podre e fecundada.
Desejaria ser íntegro, digno, perdurável na arte de amar
e ser amado.
Ser aquele que ainda se importa e não se corrompe.
Ser o galho partido que se refaz no caule.
Ter olhos e ouvidos capazes de ver e ouvir.
Ser a poça que reflete a lua, o brejo dissoluto, o barco
que regressa cheio de peixes.
Desejaria ser capaz de olhar para a vida como saído
de um coma.
Ser capaz de sentir alegria e saudades por coisas que
já não importam. Coisas que já foram tudo.
Queria ser capaz de me limpar das infâmias, dos males que
causei, e ainda causo.
Queria deixar de ser estúpido, ignorante, presunçoso.
Estar disponível para ouvir. Ter a humildade de aprender,
pedir desculpas, voltar atrás.
Quisera me reconciliar comigo mesmo, antes que seja tarde.
Quisera aprender a amar direito, antes tarde do que nunca.
Descobrir que não me falta nada, me sentir de bem com a vida.
E seguir em frente sem olhar para trás.
Forte e frágil como uma criança.
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...